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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Tati Bernardi começa a se curar do petismo. Mas ainda falta

No artigo “Como continuar petista?“, a escritora Tati Bernardi, colunista da Folha, conta que nasceu numa família petista e sempre votou em todos eles: Suplicy, Marta, Mercadante, Lula, Dilma, Haddad. “Mas de uns dois anos pra cá, minha família fez como a Marta: me abandonou, pegou horror ao partido.” Tati ficou “sozinha nessa”. “Perdi uma quantidade enorme de amigos (que […]

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 00h45 - Publicado em 7 ago 2015, 20h45

TatiNo artigo “Como continuar petista?“, a escritora Tati Bernardi, colunista da Folha, conta que nasceu numa família petista e sempre votou em todos eles: Suplicy, Marta, Mercadante, Lula, Dilma, Haddad.

“Mas de uns dois anos pra cá, minha família fez como a Marta: me abandonou, pegou horror ao partido.”

Tati ficou “sozinha nessa”.

“Perdi uma quantidade enorme de amigos (que nunca fiz) quando comemorei a reeleição da Dilma. Tudo bem que fui meio sem noção e escrevi ‘Chupa Itaim’ e ‘pega no meu pau Vila Nova Conceição’ no Facebook. Muitos outros, esses sim importantes, me deram apenas ‘hide’ e avisaram por inbox: ‘Quando você se curar dessa doença maligna chamada ignorância política, voltamos a falar’.”

Tati então reconhece:

“Não se ‘cura’ com facilidade algo que se aprendeu a amar na infância.”

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Essa é a frase terapêutica de seu texto, embora ela narre sua dificuldade em abandonar a ‘doença maligna’:

“Sigo me agarrando aos poucos amigos que acreditam. Lendo os poucos articulistas que acreditam. Pedindo a um amigo que trabalha com o Haddad que me coloque em contato com ele, pra que eu possa conversar mais, entender mais, e não perder a fé. Mas a cada dia, um bom combatente entrega os pontos. Ligo para um colega escritor intelectual de esquerda e ele me aconselha: ‘Não escreve sobre isso não, tá feia a coisa, eu não acredito mais’.”

Vem então o final apoteótico que justifica o título:

“Está cada dia mais difícil responder ‘mas tanto foi feito pelos pobres’ a cada 765 motivos para deixar de ser petista.

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Zé Dirceu armou o maior esquema de propina da história e mesmo depois de ser pego, armou de novo! Mas tanto foi feito pelos pobres!

Os discursos da Dilma nunca falam com clareza sobre pedaladas fiscais e Petrolão! Mas tanto foi feito pelos pobres!

Daí tento ‘mas nunca em um governo se colocou tanto bandido na cadeia! É a democracia!’. Mas Dilma foi uma péssima gestora, olha como está o dólar, a inflação, o desemprego, os cortes na educação, na saúde, na grana dos aposentados!

Mas nunca em um governo se colocou tanto bandido… Mas os bandidos estavam mancomunados com o PT ou, em grande parte, ERAM do PT.

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Mas nunca em… É… Veja bem… Que tristeza tudo isso.”

Tudo isso é mesmo uma tristeza.

Mas, individualmente, a maior delas é a fé cega com que se abraça uma causa por pura contaminação do ambiente familiar – a ponto de só ameaçar deixá-la depois que os pais já se desiludiram.

Tati é uma escritora: não lhe faltaram os meios de estudar o petismo para além daquilo que ouvia em casa ou era compartilhado por intelectuais com o pensamento semelhante ao de seus pais, a cujos textos ela ainda recorre como quem se agarra às últimas ilusões de sua infância.

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Nada do que está acontecendo hoje é uma surpresa para quem estudou a obra de autores conservadores estrangeiros e nacionais ou simplesmente críticos do PT, embora militantes petistas incuráveis como Luis Fernando Verissimo ainda legitimem moralmente os atos de José Dirceu e esquerdistas como Zuenir Ventura lamentem como desvio o que sempre lhe foi um projeto criminoso de poder.

Eu reconheço o esforço moral e psicológico necessário para se curar do provincianismo mental estimulado pela esquerda e organizei um livro exatamente sobre isso, chamado O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.

Mas o esforço aparente de pessoas confrontadas pelos fatos, como Tati, será em vão se não trocarem a pergunta “Como continuar petista?” pelas questões:

“Por que eu me deixei enganar por tanto tempo?” e “O que eu posso fazer para recuperar mais depressa o tempo perdido?”.

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Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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