Roda Viva – Maria Corina mostra que é o oposto de Dilma Rousseff: inteligente, articulada, clara, objetiva, elegante e patriota, com horror de ditadura. “A indiferença só pode ser classificada de uma maneira – que é a de cumplicidade”

É compreensível que militantes da extrema esquerda brasileira tenham tentado impedir a deputada venezuelana Maria Corina Machado de falar perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado – para a qual fora convidada por seu presidente, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), e pelo líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) -, chamando-a de “golpista” e demais chavões aprendidos nos manuais da militância nacional.
Quando Maria Corina fala da situação caótica a que o socialismo chavista levou o seu país, quando defende a democracia e a liberdade ao mesmo tempo que denuncia os 25 mil homicídios anuais, a repressão assassina, a tortura, a corrupção, a censura e a interferência cubana no governo de Nicolás Maduro, explicando por que afinal se trata de uma ditadura, da qual ela mesma é vítima, tendo sido agredida, perseguida e cassada, esta senhora é capaz de fazer até aquela ínfima parte de idiotas úteis com algum resquício de sinceridade se render aos fatos.
Convidada do programa Roda Viva de segunda-feira, gravado na última sexta durante sua passagem pelo Brasil, Corina mostrou de uma vez por todas que é o oposto de Dilma Rousseff: inteligente, articulada, clara, objetiva, elegante e patriota, com horror de ditadura, seja de qual lado for. O editorial do Estadão já havia descrito assim parte do seu discurso no Senado: “Cobrou dos países democráticos da América Latina uma postura mais crítica em relação às graves violações de direitos protagonizadas à luz do dia pelo regime chavista” e acrescentou que “não é possível falar em ‘diálogo’ enquanto o governo brasileiro der toda a atenção apenas a Maduro, reservando aos opositores do presidente uma olímpica indiferença – atitude que, nas palavras de María Corina, equivale a ‘cumplicidade’”.
No Roda Viva, Corina voltou a chamar o governo brasileiro de cúmplice, como fiz um monte de vezes neste blog (ver lista de artigos no fim deste post) desde o início dos protestos. Só faltou mesmo ela dizer: cúmplices no Foro de São Paulo.
Trechos fundamentais:
“Não se trata de uma luta somente reivindicativa, por salários, por habitação, por saúde ou alimentação. É uma luta por valores, é uma luta existencial. Trata-se da dignidade humana, da nossa soberania e da nossa liberdade. Estes jovens [os estudantes venezuelanos] arriscam suas vidas. E eu tenho um mandato e minha obrigação é ser a voz dos venezuelanos dentro e fora do meu país.”
“Primeiramente, é preciso dizer que a intervenção estrangeira na Venezuela, que é o que repudiamos, é a forma como a soberania venezuelana foi sendo entregue progressivamente a outro país. E me refiro precisamente a Cuba. A forma como o governo cubano foi penetrando nas instituições venezuelanas desde os órgãos de segurança, de inteligência, os cartórios, os registros mercantis, até as hidrelétricas, as subestações elétricas da Venezuela têm a presença de funcionários do governo cubano. Mais ainda, as Forças Armadas venezuelanas. Eu lhe pergunto: como você se sentiria se nas Forças Armadas do Brasil existissem militares cubanos dando ordem a seus generais, oficiais ou soldados? Se há algo que nós venezuelanos rechaçamos, repudiamos, é a interferência de outro governo, ao qual o sr. Maduro dá de presente 12 bilhões de dólares ao ano, indispensáveis para que este regime subsista, enquanto os venezuelanos não têm comida, remédios ou gás em suas casas.”
Qualquer relação do programa “Mais médicos” no Brasil com a intervenção cubana na Venezuela não é mera coincidência. Cada filhote do Foro de São Paulo contribui como pode com a ditadura dos irmãos Castro, enquanto faz avançar o próprio socialismo.
“A legitimidade de um governo não provém somente da forma como um governo chegou ao poder, mas também da forma como o governo exercita este poder. Pode ter chegado ao poder com eleições impecáveis, mas, se viola de maneira sistemática a Constituição, a autonomia dos poderes, o pluralismo e os direitos humanos, ele se converte em uma ditadura.”
“A Venezuela, em plena bonança petroleira, retrocede. Isto não foi casual. Isto não se deve a um governo ineficiente e corrupto, como é este governo, mas foi um projeto intencional para submeter e dominar uma população. E, por isso, nós venezuelanos despertamos. E por isso a Venezuela reagiu. E por isso estamos pacificamente nas ruas exigindo nossos direitos. E ali seguiremos até vencer. Até conquistar a democracia, a dignidade, a soberania nacional e a liberdade para todos os venezuelanos.”
“Agora, temos que entender que a comunidade internacional tem sido um dos pilares que deram maior legimitidade a este regime nos últimos anos. À medida que cometem atropelamentos e violações às práticas democráticas, conseguiram, por razões econômicas, ideológicas ou geopolíticas, grande apoio deste setor. Entretanto, nos últimos dois meses, o sr. Maduro cruzou uma linha vermelha. A violação sistemática e maciça dos direitos humanos, que o mundo inteiro viu pelas imagens das redes sociais e dos meios internacionais, cruzam uma linha vermelha. E é por isso que a esta altura, no âmbito internacional, a indiferença só pode ser classificada de uma maneira, que é a de cumplicidade.”
No Twitter, Maria Corina Machado e o prefeito de Caracas Antonio Ledezma enfatizaram ainda mais as pré-condições para o diálogo:
É bonito ver Corina falar essas coisas, em defesa de seu povo. Mas seria injusto de minha parte não lembrar também os grandes momentos de Dilma Rousseff…
Boa sorte e vergonha a todos. Obrigado.
Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil
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