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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Polícia do pensamento em patrulha

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 04h03 - Publicado em 13 abr 2014, 22h54

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Outro dia, como se vê na imagem ao lado, eu aproveitei o erro confesso do IPEA para debochar no Facebook de um dos modos esquerdistas de vencer o debate sem precisar ter razão, no caso fazendo apenas a caricatura dos adversários com rótulos infames. No último artigo, mostrei O curioso caso de Fabio Porchat contra Rachel Sheherazade, em que o humorista, na prática, endossava a censura à apresentadora do SBT. A tentativa esquerdista de impedir o debate, banindo as vozes dissidentes do discurso público, é recorrente tanto no Brasil quanto nos EUA, que se “brasilianizam” cada vez mais depressa sob o governo Obama, conquanto lá ao menos exista oposição política.

Traduzo abaixo o artigo de Charles Krauthammer sobre isto que já penso em chamar carinhosamente de P3 ou PPP. Voltarei a um dos temas abordados por ele nesta segunda.

Polícia do pensamento em patrulha
Escrito por Charles Krauthammer / Publicado em 10 de abril de 2014 no Washington Post
Tradução de Felipe Moura Brasil, em Veja.com/felipemourabrasil

Há dois meses, uma petição com mais de 110.000 assinaturas foi entregue ao The Post, exigindo a proibição de qualquer artigo questionando o aquecimento global. A petição chegou no dia anterior ao da publicação da minha coluna, que consistia precisamente dessa heresia.

A coluna saiu como de costume. Mas eu me senti gratificado pelo show de intolerância porque ele ilustrava perfeitamente meu argumento de que a esquerda está entrando numa nova fase de agitação ideológica – não mais tentando vencer o debate, mas impedindo completamente o debate, banindo do discurso público toda e qualquer oposição.

A palavra correta para essa atitude é totalitária. Ela inflige consequências graves – do ostracismo social à defenestração profissional – e anuncia certas controvérsias sobre aqueles que se recusam a ser silenciados.

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Às vezes, a palavra vem do alto, como quando o presidente dos Estados Unidos declara que a ciência do aquecimento global está “estabelecida”. Quem discorda é, então, rotulado como “anticiência” e, melhor ainda, um “negador” – uma calúnia brilhantemente escolhida para imputar aos céticos climáticos o opróbrio normalmente reservado aos propagadores do ódio e malucos que negam o Holocausto.

Na semana passada, então, mais um surto. O último fechamento da mente esquerdista é sobre o casamento gay. Assim como a ciência do aquecimento global está estabelecida, ao que parece estão também os méritos morais e filosóficos do casamento gay.

Opor-se a isto nada mais é do que fanatismo, semelhante ao racismo. Os opositores devem ser igualmente marginalizados e banidos, destruídos pessoal e profissionalmente.

Como o CEO da Mozilla, que renunciou sob pressão de apenas 10 dias em seu trabalho, quando foi divulgado que, seis anos antes, ele havia feito uma doação à California Proposition 8, que definia o casamento como sendo entre um homem e uma mulher.

Mas por que parar com Brendan Eich, a vítima deste linchamento high-tech? A Prop 8 passou por meio milhão de votos. Seis milhões de californianos se juntaram a Eich no crime de “privilegiar” o casamento tradicional. Assim também o fez Barack Obama. Neste mesmo ano, ele declarou que suas crenças cristãs o haviam feito se opor ao casamento gay.

No entanto, sob a nova ordem, isto é intolerância total. Por essa lógica, o homem que a esquerda levou tão extasiada para a Casa Branca em 2008 era igualmente um fanático.

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A coisa toda é tão estúpida a ponto de ser indigna de exegese. Não há lógica alguma. O que está em jogo é puro preconceito ideológico – e a fiscalização do cumprimento da nova norma totalitária que declara, unilateralmente, algumas questões como encerradas.

Fechadas para o debate. Abertas apenas para a aquiescência intimidada.

Para este círculo mágico de conformidade forçada, a esquerda gostaria de acrescentar algumas outras políticas, a resistência ao que é considerado uma “guerra contra as mulheres“. É um sinônimo colorido para sexismo. Nivelar a acusação é uma forma grosseira de enterrar o debate.

Assim, opor-se ao aborto tardio é fazer guerra contra a “saúde reprodutiva” das mulheres. Da mesma forma, questionar a inclusão no Obamacare de contracepção livre para todos.

Alguns se opõem à regulamentação por causa de seu impacto sobre o livre exercício da religião. Outros, pela posição (não teológica) mais simples de uma hierarquia de valores distorcida. Sob a nova lei, tudo está coberto, mas algumas escolhas são oferecidas de graça. A que se deve o enaltecido status da contracepção? Por que ela deveria ser classificada acima, por exemplo, dos antibióticos para uma criança doente, pelos quais essa mesma mãe deve fazer um copagamento?

Diga isso, no entanto, e você será acusado de negar às mulheres “o acesso à contracepção”.

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Obama Mulheres Hillary

A farsa de Obama para posar de defensor das mulheres. Voltarei ao tema nesta segunda

Ou tente contestar a agora chamada Fairness Act Paycheck para as mulheres [um decreto para “dificultar que empregadores paguem mais a homens do que mulheres na mesma função”], o que é pouco mais do que um ato de pleno emprego para advogados. Discriminação sexual já é ilegal. O que estas novas leis fazem é eximir os autores da necessidade de provar a discriminação intencional. Para abrir processo, eles precisam apenas mostrar que as mulheres ganham menos nesse local de trabalho.

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Assim como na Casa Branca, onde as mulheres fazem 88 centavos a cada dólar dos homens?

Isso é chamado de “impacto díspar”. Será que alguém realmente acha que Obama conscientemente discrimina as trabalhadoras, em vez de a disparidade em relação aos homens ser um reflexo da experiência, do histórico de trabalho etc.? Mas só levantar tais questões já é revelar tendências heréticas.

A boa notícia é que a acusação de “guerra contra as mulheres” é geralmente cinismo, forragem para a demagogia em ano de campanha. Mas a tendência está crescendo. Oponha-se ao consenso atual e você é um negador, um fanático, um homofóbico, um machista, um inimigo do povo.

Por muito tempo um componente básico da academia, o impulso totalitário está se espalhando. O que fazer? Defender os dissidentes, mesmo que você não concorde – talvez especialmente se você não concorda – com a sua política. Isto é – isto era? – o modo americano. *

Encerro:

Deve ser ruim viver num país assim, não é mesmo?

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Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil

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* Traduções para o blog são feitas na pressa do dia e podem conter imprecisões de detalhe.

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