Morre John Nash, fica a teoria do bar de “Uma mente brilhante”: quem vai na loira?
O matemático e Prêmio Nobel de economia em 1994 John Forbes Nash Jr., cuja vida inspirou o filme vencedor do Oscar “Uma mente brilhante” (2001), morreu no sábado, aos 86 anos, em um acidente de carro em Nova Jersey, que também matou sua esposa, Alicia Nash, de 82. O motorista do táxi que levava o […]

O matemático e Prêmio Nobel de economia em 1994 John Forbes Nash Jr., cuja vida inspirou o filme vencedor do Oscar “Uma mente brilhante” (2001), morreu no sábado, aos 86 anos, em um acidente de carro em Nova Jersey, que também matou sua esposa, Alicia Nash, de 82.
O motorista do táxi que levava o casal perdeu o controle ao tentar ultrapassar outro carro e bateu em uma mureta, quando então os dois, aparentemente sem cinto, foram ejetados. O taxista se feriu, mas sobreviveu.
O ator Russell Crowe, que interpretou o autor esquizofrênico da Teoria dos Jogos, um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas, lamentou sua morte no Twitter:
“Chocado… Meu coração está com John & Alicia & família. Uma incrível parceria, belas mentes, belos corações.”
Na cena mais famosa do filme, o personagem de Crowe e os amigos conversam no bar sobre um grupo de mulheres liderado por uma loira atraente. Durante a discussão sobre a estratégia de conquista, Nash tem um insight que seria o princípio da Teoria dos Jogos.
Questionado a respeito da cena em sua visita ao Brasil em agosto de 2010, o verdadeiro John Nash respondeu:
“Foi uma cena artística, bonita, e ajudou a ganhar o Oscar. Só isso. Não há referência histórica.”
Especialistas também consideraram imprecisa a exemplificação teórica do bar, muito embora persuasiva.
Assista.
JOHN NASH/CROWE: “Se todos formos em direção à loira, iremos nos bloquear, e nenhum de nós a conseguirá. Então acabaremos tendo que flertar com as amigas, mas todas elas nos darão as costas, já que ninguém gosta de ser a segunda opção. Mas, e se nenhum de nós tentar flertar com a loira? Não entraremos no caminho um do outro e não insultaremos as outras garotas. Essa é a única maneira de vencermos. Essa é a única maneira de todos nós transarmos. Adam Smith disse que o melhor resultado vem quando todos no grupo fazem o que é melhor para si, certo? Foi isso que ele disse, não? No entanto, essa afirmação está incompleta. Porque o melhor resultado acontece quando todo mundo do grupo faz aquilo que é melhor para si e para o grupo como um todo.”
Cinco anos atrás, apaixonado por uma morena, meu personagem Juveninho não deu ouvidos aos amigos que citavam John Nash:
“Bem-feito, dizem os amigos: quem mandou escolher a melhor? Juveninho ignora. Só a melhor lhe interessa. Na praia, ao avistar a morena queimada de sol, houve quem dissesse: você não viu ‘Uma mente brilhante’? Não se lembra do Equilíbrio de Nash? Da teoria de que não se deve ir logo na mais bonita que você não vai se dar bem? Está ouvindo? Estou, respondeu: ‘John Nash é o car@***. Meu nome é Juveninho, po**@*”. Os amigos se calaram. Sabem que Juveninho não é de aspas nem de palavrão, muito menos de citar o cinema nacional. Temeram o que Juveninho-Zé-Pequeno faria com quem obstruísse o caminho à sua musa. E ninguém se dispôs a morrer pela matemática.”
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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