Líder da Bancada da Chupeta é denunciada por Janot após amenizar crimes petistas em processo eleitoral
Campanha de Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado recebeu R$ 1 milhão do petrolão, diz PGR

I.
A Procuradoria-Geral da República denunciou na sexta-feira (6) ao STF a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), líder da Bancada da Chupeta na comissão especial do impeachment, e o ex-ministro Paulo Bernardo, seu marido, por corrupção e lavagem de dinheiro.
A campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, recebeu R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras, segundo a acusação de Rodrigo Janot.
O ministro Teori “Da Conspiração” Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo, analisará a denúncia e levará o caso para a 2ª turma do tribunal, composta por cinco integrantes.
II.
O Globo deste sábado (7): “A denúncia foi elaborada com base em trechos da delação premiada do advogado Antonio Carlos Fioravente Pieruccini, que detalhou como o dinheiro foi repassado para a campanha da petista. Em depoimento ao Ministério Público Federal, ele afirmou ter transportado R$ 1 milhão de São Paulo para Curitiba, a pedido de [Alberto] Yousseff. O doleiro teria dito que a destinatária final do dinheiro era a campanha de Gleisi.”
III.
Curiosamente, a denúncia foi oferecida logo após Gleisi tentar amenizar os crimes petistas, alegando que os membros do PT que se envolveram em corrupção não o fizeram para enriquecimento ilícito, mas por questões de financiamento de campanha eleitoral.
“Todos do PT que foram de certa forma denunciados, ou inquéritos abertos, ou mesmo que estão presos, o estão não por desvio de recurso para contas particulares na Suíça, não por desvio de recursos para compra de bens, não por desvio de recursos para propina para distribuir dinheiro. Todos estão envolvidos com processo eleitoral”, afirmou em entrevista ao UOL.
Ainda que isto fosse verdade – e só os inquéritos contra Lula na Lava Jato, nos casos do sítio e do tríplex, já desmentem a senadora -, sua tentativa de tornar a fraude da democracia menos grave que o enriquecimento ilícito é tão patética quanto seus esperneios em defesa de Dilma Rousseff na comissão.
“Eu acho que essa separação é importante fazer. Não estou dizendo que nós não temos erros, que nós não temos que pagar por eles”, disse Gleisi, em sintomática primeira pessoal do plural.
“E acho que estamos pagando caro. Tanto do ponto de vista penal, criminal, e vamos pagar do ponto de vista político, já estamos pagando. Mas é importante fazer essa diferença”, frisou.
No limite, essa distinção remete à velha mentalidade petista que se escancarou com Celso Daniel, o ex-prefeito de Santo André que topava desviar recursos para o PT, mas se revoltou ao descobrir que seus comparsas no esquema da prefeitura estavam roubando para colocar dinheiro no bolso também.
Roubar para o partido, ele aceitava. Roubar para si, não. Curiosamente, acabou assassinado, inaugurando uma fila de 8 cadáveres ligados ao caso.
Gleisi diz que o PT deve fazer uma autocrítica, mas, em vez de reconhecer os crimes cometidos, ela os chama simplesmente de “erros” e menciona apenas as medidas políticas que não foram tomadas para evitá-los, como, por exmeplo, o PT não ter trabalhado por uma reforma política, nem ter questionado o sistema de financiamento empresarial de campanhas eleitorais.
É o velho e sorrateiro método do PT de justificar os próprios crimes.
Essa gente nunca viu maiores problemas em roubar o destino do Brasil.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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