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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Jair Rodrigues e Mussum “forévis”

Morreu Jair Rodrigues, mas, para lembrar sua trajetória com a mesma alegria que ele transmitia nos palcos, nada melhor do que trazer ao blog Antônio Carlos Bernardes Gomes, o “Mumu da Mangueira”, vulgo Mussum. No fim da década de 1960, o então ritmista d’Os Originais do Samba, querendo fixar o grupo em São Paulo, pediu […]

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 2 dez 2016, 20h02 - Publicado em 8 Maio 2014, 22h02

com_a_corda_toda-thumbMorreu Jair Rodrigues, mas, para lembrar sua trajetória com a mesma alegria que ele transmitia nos palcos, nada melhor do que trazer ao blog Antônio Carlos Bernardes Gomes, o “Mumu da Mangueira”, vulgo Mussum.

No fim da década de 1960, o então ritmista d’Os Originais do Samba, querendo fixar o grupo em São Paulo, pediu uma ajudinha ao já famoso Jair, que apresentou os sambistas à sua dupla de empresários, Venâncio e Corumba.

Dali a pouco, Jair iniciaria uma série de shows acompanhado d’Os Originais: “Nos tornamos grandes amigos. Eu estava sempre na casa deles, e eles na minha. Inclusive, ele (Mussum) botou até um apelido em mim, que era ‘Zé da Zona’, porque a gente ia para as cidades fazer show e depois para a noitada. Ele me chamava de Zé. Daí ficou ‘Zé da Zona’”, divertia-se o cantor, também conhecido por seus camaradas como Cachorrão.

Em divertida entrevista ao programa MPB Especial, da TV Cultura, em 1972, Mussum – ao lado dos companheiros Bidi, Chiquinho, Bigode, Rubão e Lelei – contou a trajetória do grupo, falou dos sete meses que haviam passado no México em 1962 (“Passamos é fueme mesmo! A gente falava é cueca-cuela, ensaladis”), revelou tudo que havia numa “paella” (“trava de chuteira do Pelé, raquete da Maria Esther Bueno”) e, aos 3min05seg, fazendo-se de zangado, brincou com a rivalidade amiga entre eles e Jair na hora de lançar os álbuns e músicas de sucesso.

Transcrevo o trecho abaixo para não tirar a graça do vídeo:

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mussum“O samba é a corda, os Originais a caçamba” [é] o nome do nosso LP. Aí o Jair fez o dele agora: Jair Rodrigues com a corda toda. [Risos] Não, [ele] é nosso amigo… Ele gosta da gente…

E o “Tengo, tengo”, que ele fez com a gente? O “Tengo, tengo”, nós gravamos o “Tengo, tengo”… [E pensávamos entusiasmados na época:] Vamos defender uma grana agora, né? Aí o milionário do Jair Rodrigues, sabe o que ele fez? Gravou também e… Com três dias já estava em primeiro lugar na parada. O dele, né… [Risos] O nosso “empirulitou”…

Mas ficamos amigos, né… A gente doido… Aí eu fui me queixar: ‘Ô seu Corumba, que coisa! O Jair Rodrigues não dá uma colher de chá!? Em vez de deixar a gente… Deixa a gente gravar pelo menos [uma], poxa, que nós estamos mais duros de que ele…” E o seu Corumba [Mussum imitando:] ‘Não me meto em briga de meus filhos’… [Risos]

lp-os-originais-do-samba-o-samba-e-a-corda-1972-673-MLB4699529063_072013-FEm seguida, Mussum introduz o hoje clássico do samba “Esperanças perdidas”, de Adeilton Alves e do também saudoso Délcio Carvalho, lançado pelos Originais no mesmo ano de 1972: “Essa que deu desespero no Jair…”

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Rivalidades à parte, se não fossem as ajudas e a maior visibilidade que lhe deu Jair Rodrigues, Mussum – convidado em 1969 para participar do programa de Chico Anysio, que resultaria em outro convite de Renato Aragão para os futuros Trapalhões – teria de suar um pouco mais o “reco-réquis” para deslanchar sua carreira musical e humorística.

Em entrevista à Casseta Popular, em 1992, ele mostrou sua gratidão ao cantor:

“Eu tive um professor também com o nome de Jair Rodrigues que me ensinou muito, muito amigo. Me pegou numa época que eu tava passando fome.”

Pois é. Que fique registrado, então, mais esse golaço na biografia do “Zé da Zona”.

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De resto, o vídeo abaixo reúne a alegria e o bom humor do samba, em cuja fonte eu bebo desde moleque e seguirei bebendo (mas sem “mé”, ok?), com Jair Rodrigues e Mussum “forévis”.

Arrasta a sandália aí, morena…

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…e claro: prepare o seu coração.

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PS: Como entendeu muito bem o leitor Thiago Rachid: “O Brasil não produz mais tipos como esses, formatados pela vida, nas suas dificuldades e belezas. Autênticos. São tempos de pasteurização humana, nivelada por baixo. O brasileiro do nosso tempo é um tipo muito sem graça. Isso faz da perda do Jair um negócio muito sério mesmo.”

Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil

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