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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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ENTENDA O ESQUEMA – PT roubou 200.000.000 de dólares, segundo delator. Em reais: 546.460.000. Quando fecha o partido? Lula e Dilma têm de ser cassados

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 02h11 - Publicado em 5 fev 2015, 17h29

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O PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de dólares em propina de 2003 a 2013, por meio de desvios e fraudes em contratos com a Petrobras.

Por extenso: o PT recebeu entre 150.000.000 e 200.000.000 de dólares em propina.

Em reais: o PT recebeu entre 409.845.000 e 546.460.000 em propina.

Em suma: o PT recebeu cerca de 500 milhões de reais em propina.

Quem falou?

Pedro Barusco, o ex-gerente de Serviços da Petrobras e braço-direito do afilhado do mensaleiro petista José Dirceu, Renato Duque.

Como falou?

Em acordo de delação premiada, aquela em que qualquer mentira pode fazer o sujeito passar a vida na cadeia, ou seja: ele não está mentindo, ok?

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Quando falou?

O depoimento foi prestado no dia 20 de novembro último e veio à tona nesta quinta-feira (5).

Quem recebia as propinas?

“Durante o período no qual foi gerente executivo de Engenharia da Petrobras, subordinado ao diretor de Serviços, Renato de Souza Duque, de fevereiro de 2003 a março de 2011, houve pagamento de propinas em favor do declarante [Barusco] e de Renato Duque, bem como em favor de João Vaccari Neto”, diz trecho do depoimento de Barusco.

Quanto passou por Vaccari?

Pelo menos US$ 50 milhões do montante teriam passado pelas mãos do homem de confiança de Lula e tesoureiro nacional do partido, acusado tanto por Alberto Youssef quanto pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de intermediar negócios entre fundos de pensão de estatais e empresas ligadas ao doleiro.

Ele não intermediava também em favor de Dirceu?

Sim. O mensaleiro petista recebeu quase 4 milhões de reais de três construtoras ligadas ao petrolão por servicinhos de “consultoria”, aquele velho eufemismo para “tráfico de influência” no Brasil. E o dono de uma delas revelou à VEJA que os contratos foram assinados a pedido de Vaccari.

É aquele marajá de Itaipu Binacional, né?

É. Foi duro largar a boquinha de R$ 21 mil por mês para comparecer a 6 (seis!) reuniões por ano, mas Vaccari foi exonerado do Conselho de Itaipu em janeiro após as denúncias do petrolão.

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Tem foto de Vaccari com Lula?

Tem.

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De acordo com Barusco, como funcionava o esquema de pagamento?

O pagamento envolveu 90 contratos de obras de grande porte entre a Petrobras, empresas coligadas e consórcios de empreiteiras. Em apenas um contrato de sondas de perfuração de águas profundas para exploração do pré-sal, Vaccari, em nome do PT, recebeu 4,523 milhões de dólares em propina do estaleiro Kepell Fels, até março de 2013.

Vaccari só passando a sacolinha petista…

Sacola, não. Vaccari era identificado numa tabela de pagamento de valores pela sigla de “Moch”, que significava “mochila”, “uma vez que o declarante quase sempre presenciava João Vaccari Neto usando uma mochila”. É o mochilão de 200 milhões de dólares.

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Mochilão da Nike, da Adidas, da Puma, ou da Fila como o novo casaco do Fidel Castro?

Não se sabe ainda. Ninguém perguntou ao Fidel.

Mas a Polícia Federal não foi à casa de Vaccari para levá-lo à delegacia?

Foi. Os agentes responsáveis tiveram até de pular o muro da casa do petista, na Zona Sul de São Paulo, porque ele se se recusou a abrir o portão para os policiais. Na residência, foram apreendidos documentos e objetos, mas até agora ninguém revelou a marca do mochilão.

E Vaccari não tinha de dividir o dinheiro da propina com os comparsas?

Sim. Os contratos estavam vinculados às diretorias de Abastecimento, Gás e Energia (que teve como diretores Ildo Sauer e Graça Foster) e Exploração e Produção. No rateio da propina, normalmente eram cobrados 2% do valor do contrato, sendo que 1% era administrado por Costa, e o outro 1%, repartido entre o PT (representado por Vaccari) e diretores da Petrobras, incluindo Renato Duque e Jorge Zelada, da Área Internacional da petroleira.

Barusco não recebia?

Recebia. O delator confirmou ter recebido propina da Odebrecht e da holandesa SBM em contas no exterior. Ele admitiu que o recurso ilícito era pago desde 1997 em bancos da Suíça e do Panamá. Através da off-shore PEXO, Barusco recebeu US$ 1 milhão de funcionários da Odebrecht. A propina entre a SBM e a Petrobras se tornou “sistemática” a partir do ano 2000, com uma espécie de parceria fixa entre Barusco e o executivo Julio Faerman, da empresa holandesa. Os pagamentos eram mensais, variando de 25.000 dólares a 50.000 dólares. Em um dos casos, quando já ocupava a gerência-executiva de Engenharia, o delator recebeu 1% de propina de Faerman em um contrato entre a empresa Progress e a Transpetro.

O delator vai devolver o dinheiro?

Após firmar o acordo de delação, Barusco confirmou que iria devolver aos cofres públicos impressionantes 67 milhões e 500 mil dólares recolhidos a partir do esquema de cobrança de propina na Petrobras e depositados em 13 contas no exterior, uma delas em nome da sua mulher, Luciana Adriano Franco. Ele também se comprometeu a pagar uma multa compensatória de 3 milhões e 250 mil reais.

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E como participava seu ex-chefinho Duque?

O então diretor de Serviços Renato Duque pedia semanada de R$ 50 mil em dinheiro de propina cobrada em contratos com a Petrobras e continuou a recebê-las em cinco bancos da Suíça, mesmo depois de ter deixado o posto, em 2012. Um dos pagamentos para Duque na Suíça foi de US$ 2,1 milhões do estaleiro Jurong. Barusco afirmou que Duque não precisava exigir dos empresários o pagamento de propina, pois ele era endêmico na Petrobras e “fazia parte da relação”.

Barusco gerenciava a propina de Duque?

Sim. O dinheiro pago a Duque em espécie, em período “semanal”, era oriundo de propina que Barusco guardava em casa.

E como era a divisão do dinheiro entre Duque e Barusco?

Segundo o delator, Duque ficava com 60% e o próprio Barusco com 40%. Quando o pagamento de propina ocorria com a intermediação de operadores, pessoas com papel semelhante ao de Alberto Youssef, a divisão mudava: Duque ficava com 40%, Barusco com 30% e o operador com 30%. O delator afirmou que Duque era confuso na administração do dinheiro.

Como ficou essa mamata quando Duque saiu em 2012?

Quando Duque deixou a Diretoria de Serviços naquele ano, ele fez uma espécie de acerto de contas com Barusco para receber parte da propina que havia sido direcionada inicialmente ao auxiliar. No acordo, Barusco destinou valores de futuras propinas para o ex-chefe, já que, no acordo do Clube do Bilhão, diversas empresas ainda precisavam confirmar o pagamento de dinheiro na trama criminosa. Apenas a Camargo Correa, por exemplo, devia 58 milhões de reais em propina na época.

Barusco era um auxiliar e tanto, não?

Era. Em 2003, segundo ele, o setor de Serviços e Engenharia gerenciava US$ 3 bilhões por ANO. Quando Barusco deixou o posto, em 2011, o valor total dos negócios da área era de US$ 3 bilhões por MÊS e a propina “era proporcional”.

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Quanto foi mesmo o rombo/roubo total da Petrobras?

Foi de 88,6 bilhões de reais: 88.600.000.000. Mas pode ter sido mais, segundo Graça Foster. Os 200 milhões são a ponta do iceberg.

Graça se beneficiou do esquema?

Barusco não apontou a presidente demissionária da Petrobras como beneficiária direta de propina na estatal, mas disse que parte dos contratos onde o rateio de dinheiro era feito estavam vinculados à diretoria de Gás e Energia, que já foi ocupada por Graça. Barusco indicou que Graça Foster não sabia do esquema de propina e ponderou que se ela e Sauer sabiam, “conservavam isso para si”.

E Lula? E Dilma?

– Lula e Dilma sabiam de tudo, segundo o doleiro Alberto Youssef.
– “Todas as determinações da Petrobras eram de Lula e de Dilma”, segundo o empresário Auro Gorentzvaig, cuja família foi sócia durante anos da Petrobras na refinaria Triunfo, no Rio Grande do Sul.
– “As empreiteiras juntas doaram para a campanha de Dilma milhões”, segundo Ricardo Pessoa, o coordenador do cartel da Petrobras, dono da UTC Engenharia e amigo de Lula.

[* Veja mais: “Petrolão: 10 depoimentos para ‘estarrecer’ Lula e Dilma“]

– Um dos delatores da Lava Jato, o consultor da Toyo Setal, Júlio Camargo ainda disse na quarta-feira que teve de pagar 15 milhões de reais em propina aos ex-diretores Duque e Costa para poder realizar obras da mesma refinaria em São José dos Campos que Lula inaugurou onze dias antes das eleições de 2010, dizendo que a Petrobras era um “motivo de orgulho”. O orgulho da roubalheira em nome da revolução é mesmo a marca do PT.

Chega do jeitinho petista.

O pior é que a nona etapa da Operação Lava Jato da Polícia Federal, colocada em curso nesta quinta-feira, foi batizada de My Way, como informou a VEJA.com, porque era assim que Barusco se referia nas planilhas de pagamento de propina a Duque. “My Way” é a música que virou clássico na voz de Frank Sinatra e uma das favoritas do meu personagem Juveninho, que só roubou dois ou três chicletes do baleiro na saída da escola (além de uma dúzia de namoradas alheias, segundo os amigos), mas se arrepende muito (dos chicletes, claro).

Não vai ser fácil cantar “Arrependimentos, eu tive alguns / Mas aí, novamente, pouquíssimos para mencionar”, sem se lembrar de petistas ladrões e seus comparsas que só se “arrependem” quando vão presos (como aliás Costa, que agora pede perdão judicial). Mas, de fato: o PT tem orgulho de fazer as coisas do seu jeito.

“Poder Judiciário não vale nada. O que vale são as relações entre as pessoas”, disse Luiz Inácio Lula “My Way” da Silva, segundo Auro Gorentzvaig.

Lula e Dilma têm de ser cassados?

Sem dúvida. É o mínimo que as autoridades têm de fazer para deixar o Brasil menos idiota.

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Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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