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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Dúvidas quanto à posição ideológica do Pastor Everaldo?

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 03h15 - Publicado em 20 ago 2014, 04h40

Captura de Tela 2014-08-20 às 01.05.34Entrar com propostas liberais e conservadoras em uma disputa eleitoral praticamente perdida para os esquerdistas de maior destaque rende os votos e os aplausos, ainda que minoritários, de uma parcela relevante da população carente de representação política. Caso a derrota se confirme, esses votos serão usados pelo candidato e pelo seu partido como poder de barganha no segundo turno das eleições, quando seu apoio for disputado pelos demais.

Isto já bastaria para que houvesse desconfiança quanto à sinceridade do Pastor Everaldo, do PSC, em relação às suas posições ideológicas, ainda mais sabendo-se que ele não só foi aliado de Leonel Brizola, Lula e Dilma, e apoiou comunistas do naipe da deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB/RS), como até hoje elogia Lula, a quem dá nota 9, e também os programas Bolsa Família e Mais Médicos, embora pregue a reformulação deste último, o que significa pagar mais para os profissionais e não para a ditadura cubana, como faz o governo do PT.

Após Patrícia Poeta colocar a experiência do Pastor Everaldo contra a parede na entrevista ao Jornal Nacional, e ele mal conseguir se defender dizendo “Eu acredito em equipe” e “dando um exemplo [de liderança] e trazendo os melhores quadros técnicos que nós temos no Brasil é suficiente para nós governarmos este país”, William Bonner fez bem em questioná-lo sobre a adoção supostamente recente desse discurso mais à direita, em trecho que segue abaixo para que cada um tire suas próprias conclusões.

É possível que o candidato tenha sido sincero nas respostas e, portanto, acredite mesmo naquilo que disse? Claro que sim. Nunca é tarde para alguém se endireitar na vida. Mas o Brasil é um país tão tragicamente entregue às esquerdas que, apesar da importância da introdução dessas propostas no debate, o único candidato tido como liberal e conservador ainda desperta dúvidas legítimas quanto ao seu liberalismo e ao seu conservadorismo; e, quando confrontado, não tem lá muito traquejo para ser tão convincente quanto deveria.

Bonner ainda o colocaria no chão, dizendo que “No mundo real, as concessões que o senhor será obrigado a fazer para obter o apoio para todas essas mudanças vão descaracterizar completamente as suas propostas, o senhor sabe disso”. O máximo que Everaldo conseguiu responder sem fugir da questão foi: “Olha… eu falei que vou fazer um corte na carne.”

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William Bonner: Candidato, ao longo da sua história, o senhor foi aliado de Leonel Brizola, de Luiz Inácio Lula da Silva, mais recentemente da presidente Dilma Rousseff. Todos eles têm raízes no trabalhismo. Todos eles, de alguma maneira, têm lá suas simpatias ideológicas ou pelo socialismo ou, no mínimo, pela social-democracia. Sempre defenderam uma presença forte do estado, uma intervenção, uma regulação do estado na economia. Curiosamente, o seu programa de governo prega exatamente o oposto, defende o oposto, né? O senhor defende uma espécie de liberalismo clássico. O estado mínimo, uma redução… A maior redução possível da presença do estado, da regulação da economia. O senhor fala em flexibilização de leis trabalhistas, o senhor fala também em fim absoluto de protecionismo. Pergunto: essa sua defesa do liberalismo é uma defesa sincera ou é uma conveniência eleitoral?

Pastor Everaldo: William, eu, é… O discurso da esquerda, eu que vim de uma família humilde, de uma comunidade pobre, sempre me cativou. Principalmente o governador Leonel Brizola era uma pessoa afeita à educação. Eu, como já falei aqui, tive condições de ter uma escola pública de qualidade. Então, para mim, foi importante a escola pública. Então a educação, para mim, era muito importante. E como a proposta era inserção social, eu que nasci no Rio de Janeiro, na favela do Acari, menino pobre, família rica da graça de Deus, mas de recurso era pobre. Então, para mim, essa proposta era uma proposta interessante. E acreditei o tempo todo que ela era a melhor. Mas no último governo da atual presidente, eu vi que foi estabelecido um aparelhamento do Estado. O Estado se agigantou de tal maneira que realmente contrariava os princípios que eu acredito do empreendedorismo, da iniciativa privada. Então, vamos dizer, está hoje o governo está sufocando, o governo quer tomar conta de tudo. Então, vamos dizer, eu sempre acreditei porque eu venci na vida com mérito, com a meritocracia, com o trabalho. Então, eu não dependi do Estado para mim vencer na vida.

William Bonner: Mas candidato, retomando o que o senhor disse, a sua vida pública começou em 1981.

Pastor Everaldo: Vida política, 81. A vida pública foi…

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William Bonner: A sua vida política, claro. Desde 1981, o senhor esteve alinhado com Brizola, com Lula e, só agora, questão de cinco meses, o seu partido deixou de ser um partido que faz parte da base aliada do governo Dilma. O seu partido deixou de ser da base aliada, mas não foi… Mas ele não foi para a oposição, ele se tornou um partido independente do governo. Ou seja, o senhor levou 30 anos comungando de um discurso mais esquerdizante, mais à esquerda. A pergunta que eu lhe faço, a sua convicção pelo liberalismo, ela é tão recente assim, tem cinco meses?

Pastor Everaldo: Não. Janeiro de 2011, quando este governo que está aí assumiu, 25 de janeiro o partido reunido resolveu que teria candidatura própria. No dia 11 de junho de 2012, a revista Época publicou que o PSC não acharia 2014, mas que teria candidatura própria.

William Bonner: Então, é recente.

Pastor Everaldo: Não. Então, vamos dizer: desde janeiro quando nós vimos que o governo que agravou a presença do Estado na economia, nós resolvemos que não ficaríamos mais.

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William Bonner: Isso não foi desde do começo do governo Dilma e mesmo no governo Lula, candidato, essa situação?

Pastor Everaldo: Nós acreditávamos, como milhões de brasileiros, que a proposta colocada era melhor, mas hoje você vê nas últimas pesquisas mais de 70% da população brasileira quer mudança. Então, nós acreditávamos que era o melhor e verificamos logo no início do governo que não era o melhor para o Brasil.

William Bonner: A sua ideologia, então, mudou recentemente?

Pastor Everaldo: Não, a minha ideologia sempre foi a mesma. Sempre foi a mesma, eu sempre quis o empreendedorismo.

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William Bonner: Você não vê essa contradição em relação ao seu alinhamento no passado?

Pastor Everaldo: Não, não vejo. Eu sempre pensei desta maneira, porque a minha vida é desta maneira. Eu sempre fui uma pessoa que trabalhei, nunca vivi. Eu estive no governo de 99, três anos; depois oito meses no outro, Rioprevidência, e saí do Estado, porque eu acredito no empreendedorismo.

* Veja também o post anterior: “Mais Brasil e menos Brasília na vida do cidadão brasileiro”, defende Pastor Everaldo no Jornal Nacional. Amém!

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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