“Editor que é editor não se preocupa com patrulha”, disse Sergio Machado sobre publicar Olavo de Carvalho
Editor da Record, Carlos Andreazza revela em artigo reação do ex-chefe, morto no dia 20

Tuitei no fatídico dia 20 de julho:
Nesta terça-feira (26), o editor-executivo da Record, Carlos Andreazza, publicou em sua coluna semanal no jornal O Globo, o artigo “O verdadeiro Sergio Machado” – em contraponto ao delator homônimo da Lava Jato –, no qual sintetiza e eterniza a personalidade do “maior dos corajosos” e a importância de um “empresário multiplicador de empregos, empreendedor arrojado, defensor produtivo da cultura brasileira” como seu ex-chefe neste “Brasil da doença estatista, dos campeões nacionais do partido”.
Como exemplo de independência, Andreazza cita justamente a reação de Machado quando lhe levou a proposta de publicar a obra do filósofo Olavo de Carvalho, a começar pelo livro idealizado e organizado por mim, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota:
“Em 2012, recém-chegado à Editora Record, fui a Sergio perguntar sobre se podia levar adiante um projeto para a obra de Olavo de Carvalho. Ele vibrou. Queria publicar tudo quanto fosse voz relevante, de todos os lados, e recebia como desafio pessoal comprar a briga por editar um escritor que a intelligentsia tentara banir. Era um liberal cascudo. Tinha convicção sobre o papel político do editor — o de investir no debate público e, se possível, trazê-lo para dentro de casa — e considerava próprio de um país doente que Olavo não estivesse em todas as livrarias do Brasil. Mas me advertiu: ‘Você será atacado. Dane-se. Editor que é editor não se preocupa com patrulha. Seja valente.’”
Lançado em agosto de 2013, o “Mínimo” tornou-se um fenômeno editorial que perdura até hoje, tendo atingido a marca rara no Brasil de cerca de 200 mil exemplares vendidos. Muito embora abarque numerosos assuntos para além da política, também acabou sendo exaltado, assim como seu autor, pelas ruas de todo o país durante os protestos contra o governo do PT.
A repercussão do meu trabalho como organizador deu ainda maior visibilidade à minha produção autoral de artigos na internet – que já completava uma década –, contribuindo, em parte, para a minha contratação pela VEJA em dezembro daquele ano, quando estreei este blog.
Para desespero da canalhada, o presidente da Record vislumbrou a demanda reprimida do público por autores críticos ao establishment e nos abriu uma porta fundamental no debate público brasileiro, a partir da qual abrimos e seguiremos abrindo outras tantas, inspirados em sua valentia.
Muito obrigado, Sergio Machado, por essa machadada na casinha esquerdista do politicamente correto.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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