15 de março foi contra Dilma e PT. Ato “Contra a corrupção” foi em 2011, mas imprensa o recicla para proteger o partido
Não sei o que é pior: jornalistas exigirem que Dilma se livre do PT para montar um governo de “união nacional”, ou descreverem a manifestação de 15 de março como um ato “contra a corrupção”, como foi aquele de 20 de setembro de 2011. O tucanismo rasteiro do primeiro caso é sempre aliado ao chapa-branquismo […]

Não sei o que é pior: jornalistas exigirem que Dilma se livre do PT para montar um governo de “união nacional”, ou descreverem a manifestação de 15 de março como um ato “contra a corrupção”, como foi aquele de 20 de setembro de 2011.
O tucanismo rasteiro do primeiro caso é sempre aliado ao chapa-branquismo do segundo.
Eu aplaudi os atos de domingo porque eles eram contra Dilma e o PT. Se tivessem sido como o de quatro anos atrás, eu os teria esculhambado, como fiz na ocasião.
Relembro um trecho do meu artigo “Todos juntos contra a inteligência” antes de concluir:
Um protesto contra “nenhum político especificamente” ou “contra todos os corruptos” é um protesto contra uma palavra, uma abstração, um “x” sem o seu valor correspondente e, portanto, vago para ser preenchido ao gosto do marchador.
Para um partido que chegou ao poder com a bandeira da ética, apropriando-se justamente de slogans “contra a corrupção” e vinculando-se a eles no imaginário popular, toda revolta expressa nos mesmos termos, com o mesmo grau de abstração, servirá apenas como propaganda governista ou eleitoral em campanhas futuras.
Na verdade, o PT já se antecipou. Divulgou uma resolução em que exalta as supostas medidas anticorrupção de Dilma, mas rechaça a ideia de “faxina” como tentativa “da mídia conservadora e da oposição de promover uma espécie de criminalização generalizada da conduta da base de sustentação do governo”. Da mesma forma, o partido repudia a censura, mas propõe o “controle” ou a “democratização” da “mídia”.
Em outras palavras: o PT combate o crime abstrato, enquanto defende o crime real. Combater a corrupção abstrata, portanto, é também uma forma de ser petista.
Retomo:
Depois de serem roubados mais ainda no petrolão, os brasileiros, felizmente, aprenderam a dar nome aos bois – que agora, acuados, recorrem as mesmas táticas de sempre.
É por isso que a imprensa bovina precisa fingir que os brasileiros continuam parados no tempo.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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