Sigourney Weaver ensina o segredo do sucesso: o fracasso
A atriz, homenageada com o Leão de Ouro pela carreira no Festival de Veneza, participou de uma masterclass especial no evento
Sigourney Weaver tem uma lista invejável de personagens em seu currículo, da Tenente Ripley de Alien (1979), de Ridley Scott, à Dra. Grace Augustine de Avatar (2009), de James Cameron. Mas ela acredita que o verdadeiro segredo do sucesso, vejam só, é o fracasso. “Como disse o diretor George C. Wolfe uma vez, quem trabalha com artes precisa tomar uma decisão: fazer o que quer ou tentar se encaixar para agradar aos outros”, afirmou a atriz de 74 anos em uma masterclass na ilha do Lido, em Veneza, na qual VEJA estava presente. No evento, ela foi homenageada com o Leão de Ouro por sua carreira.
Vai na mesma linha o conselho que ela daria à jovem Sigourney Weaver. “Se eu pudesse voltar atrás, diria a mim mesma: divirta-se, aproveite o processo, pare de achar que, por estar demorando tanto, você não merece. Uma hora as coisas acontecem”, completou.
No seu caso, ela gosta quando as histórias que conta têm algo a falar para o público. “Avatar, por exemplo, tem origem na tristeza de James Cameron com o que está acontecendo com o nosso planeta”, disse. “E eu acho incrível como ele está interessado em mostrar essa família lutando para ficar junto e não ser desmantelada por forças externas como acontece tanto no mundo.”
Quarenta e cinco anos depois de interpretar a Tenente Ripley, que marcou a história do cinema e influenciou milhões, ela ainda fica emocionada ao pensar que pode ter contribuído com alguma mudança. “Muitas mulheres vêm até mim para me agradecer”, disse ela na coletiva de imprensa na tarde de quarta-feira, 28.
A personagem faz sucesso, em sua opinião, porque é uma pessoa, simplesmente. “Acho estranho quando me perguntam sobre interpretar mulheres fortes. Eu vivo mulheres – e mulheres são fortes. As mulheres não desistem. Sabe por quê? Porque não podemos.” Mas, muitas vezes, foram as personagens que a influenciaram. Como Dian Fossey, a especialista em primatas e ambientalista que interpretou em Nas Montanhas dos Gorilas (1988), dirigido por Michael Apted.
“Eu me sinto abençoada por ter vivido Dian. Uma vez, li uma carta que ela tinha deixado para um amigo que partiu. Só depois de algumas linhas que percebi que era para seu cachorro. Para ela, os animais eram iguais a humanos. Quando você absorve esse pensamento de Dian, não tem como voltar atrás”, disse Weaver na masterclass. Até hoje ela trabalha com as organizações que tentam preservar a vida dos gorilas em Ruanda.