Sátira mexicana de diretora trans viraliza ao rir de ‘Emilia Pérez’
Produção batizada de ‘Johanne Sacreblue’ abusa dos estereótipos franceses em resposta ao filme indicado ao Oscar

Produtora de conteúdo online e mulher trans, Camila Aurora González tomou a internet ao lançar no YouTube um curta de 29 minutos, no qual ela ironiza o filme Emilia Pérez, produção líder de indicações ao Oscar deste ano, com treze nomeações. A motivação parte da revolta que vários mexicanos já manifestaram sobre o longa, um musical ambientado no México e falado em espanhol, mas dirigido e escrito por um francês, com atrizes americanas no elenco e uma protagonista espanhola, Karla Sofía Gascón. Na trama, a Emilia do título é uma mulher trans que, antes da cirurgia de redesignação de gênero, era líder de um cartel de drogas – responsável pelo assassinato de vários mexicanos, vítimas do narcotráfico, ela se torna um ativista em prol dos desaparecidos quando assume a identidade feminina.
Na sátira batizada de Johanne Sacreblue, Camila e o roteirista Héctor Guillén contam a história de uma mulher trans, herdeira de um produtor de baguetes da França, que luta contra o racismo e a xenofobia de seu país – isso até se apaixonar por Agtugo Ratatouille, herdeiro da maior produtora de croissants da nação. O filme foi feito com 43.000 pesos mexicanos, cerca de 13.000 reais, advindos de uma vaquinha online. Guillén atacou Emilia Pérez, dizendo se tratar de um filme “racista e eurocêntrico”. Na sinopse do curta estão todos os estereótipos atrelados aos franceses: “A vida real de pessoas francesas em um musical feito por pessoas no México. Narra a épica jornada de baguettes, croissants, queijos fedidos e a dificuldade de não tomar banho diariamente”.
Em três dias no ar no YouTube, Johanne Sacreblue passou de 1,2 milhão de visualizações, soma pontuação 9,9 no Imdb, site voltado para a indústria cinematográfica, e, em breve, sua trilha sonora deve chegar ao Spotify. Confira a seguir o filme.