Rebecca Ferguson, a estrela sueca que roubou a cena em Hollywood
Na TV com a série Silo e no cinema com o épico Duna, ela desafia o estereótipo da mocinha meiga para encarar papéis ambíguos
A atriz sueca Rebecca Ferguson se identifica com uma característica específica de Juliette Nichols, sua personagem na série Silo, que acaba de ganhar uma segunda temporada na Apple TV+. No drama distópico, a humanidade vive em uma gigantesca construção subterrânea, protegida de um gás tóxico que cobriu a superfície da Terra. A ordem ali é mantida por regras rígidas, e questioná-las é estritamente proibido. A punição para os curiosos é ser expulso para a morte certa do lado de fora. Juliette, porém, não é do tipo que abaixa a cabeça, postura que faz dela uma pedra no sapato das autoridades do local. “Não é que eu goste de causar confusão, mas gosto de entender as razões pelas quais fazemos algo”, disse a atriz, filosófica, em entrevista a VEJA. “Se muitas pessoas estão indo para um lado, eu paro e penso: ‘O que será que tem do lado oposto?’.”
Ao contrariar o fluxo, Rebecca, 41 anos, construiu uma carreira corajosa e notável, com escolhas que a colocaram recentemente no panteão das grandes e mais brilhantes estrelas de Hollywood. Dona de uma beleza hipnotizante e multitalentosa (é também bailarina clássica e cantora), Rebecca se desviou de papéis de mocinhas delicadas e preferiu personagens ambíguas — ora perigosas, ora disfarçando vulnerabilidades por meio de uma força raivosa. A agenda concorrida é prova de que a fórmula funciona. Além de Silo, ela integra atualmente o elenco do épico Duna na pele da poderosa Lady Jessica, mãe do protagonista interpretado por Timothée Chalamet. Após três filmes como uma agente do MI6 na saga Missão: Impossível, com Tom Cruise, ela se despediu da franquia no ano passado para abraçar novos projetos — entre eles, o filme baseado no seriado Peaky Blinders e o novo thriller político da cineasta Kathryn Bigelow, de Guerra ao Terror.
Nascida em Estocolmo, filha de um sueco e de uma inglesa, Rebecca começou a atuar aos 15 anos em seu país e ganhou popularidade mundial com a série inglesa The White Queen, na qual interpretou a rainha consorte britânica Elizabeth Woodville. Foi nesse papel que chamou a atenção de Cruise. Para se manter à altura do colega que dispensa dublês, ela fez um treinamento físico intenso e encarou as cenas de ação. Quando lançou Silo, achou que seria um fiasco. “A série saiu e, em seguida, veio a covid-19. Pensei que ninguém iria querer assistir a pessoas presas em um bunker. Mas assistiram”, relembra. Sobre a boa fase, faz uma ponderação bem-humorada: “Sei que tive muita sorte e tenho uma carreira ótima. Mas às vezes me pergunto: ‘Será esse o auge? O que virá depois?’. Enfim, talvez seja só uma crise de meia-idade”. Dificilmente o futuro será menos do que brilhante para a nova estrela do Norte.
Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921