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Poker Face e mais: detetives femininas invadem seara masculina nas séries

Elas desvendam crimes com talento e humor — e dão um toque feminista ao filão

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 Maio 2025, 08h00

Charlie Cale tem um dom estranho e inexplicável: ela simplesmente sabe identificar se alguém está mentindo. A moça chegou a tirar vantagem dessa habilidade nas mesas de pôquer de Las Vegas, irritando donos de cassinos. Por segurança, Charlie se aposentou da jogatina e adotou uma vida de desapego: ostentando uma farta cabeleira ruiva desalinhada, virou garçonete, se instalou em um trailer sem glamour e descobriu que dinheiro nenhum traz a paz de uma existência pautada no “deboísmo” — ou seja, no levar a vida “de boa”. Tranquilidade, contudo, não é a palavra ideal para descrever as aventuras de Charlie na divertidíssima série Poker Face, que acaba de ganhar uma segunda temporada na plataforma de streaming Universal+, com episódios semanais às sextas-feiras. Interpretada por Natasha Lyonne, a protagonista vê sua rotina pacata acabar quando desafia um empresário criminoso, papel de Adrien Brody — uma das muitas celebridades que participam da trama. Em fuga pelas estradas dos Estados Unidos, ela conhece tipos variados e, a cada episódio, se vê em meio a casos de mortes misteriosas — os quais desvenda ao sacar quem são os mentirosos. Não demora, claro, para que ela chame a atenção do FBI.

MÃE E POLICIAL - Kaitlin Olson em Uma Mente Excepcional: jornada dupla
MÃE E POLICIAL - Kaitlin Olson em Uma Mente Excepcional: jornada dupla (//Divulgação)

Poker Face é uma dentre as novas e afiadas produções da TV que ousam desafiar a onipresença masculina em mistérios policiais. Tradição ilustre na literatura que encontrou terreno fértil em adaptações de filmes e séries, as tramas de detetives superinteligentes, sagazes e um tanto narcisistas têm expoentes notáveis como Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle; C. Auguste Dupin, de Edgar Allan Poe; e Hercule Poirot, de Agatha Christie. A autora inglesa, aliás, mestre feminina do mistério policial, deu ao mundo uma das poucas heroínas a furar a bolha: a idosa Miss Marple, que ganhou diversas encarnações em produções britânicas. Para além de ter as qualidades básicas dos colegas homens, Marple ainda transforma o preconceito em vantagem: subestimada por seu gênero e idade, ela passa despercebida pelos criminosos.

Julgamento parecido ainda afeta as detetives de hoje — o que adiciona sabor extra aos momentos em que elas dão a volta por cima. Na série Uma Mente Excepcional, que virou sucesso na plataforma Disney+ neste ano, a atriz Kaitlin Olson interpreta uma mãe solteira de três filhos, sincerona e com roupas cafonas, mas de QI altíssimo — qualidade que faz com que seja promovida de faxineira da delegacia a policial ávida por desvendar homicídios. Estrela de Stranger Things, Millie Bobby Brown roda atualmente seu terceiro filme da saga Enola Holmes. A irmã mais nova de Sherlock enfrenta não só o parente famoso como também a falta de autonomia das mulheres na Inglaterra vitoriana — isso às vésperas da primeira onda feminista. Cada um dos dois primeiros longas passou de 60 milhões de horas assistidas na Netflix, apenas no primeiro mês de exibição.

PRODÍGIO - Millie Bobby Brown como Enola Holmes: um terceiro filme a caminho
PRODÍGIO - Millie Bobby Brown como Enola Holmes: um terceiro filme a caminho (Alex Bailey/Netflix)
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Enquanto essas tramas subvertem com sucesso os padrões do gênero detetivesco, Poker Face vai além e se entrega a ironias com uma pitada hitchcockiana. Invertendo a fórmula do “whodunnit”, termo que designa as histórias nas quais detetive e público descobrem juntos quem é o assassino, a série criada por Rian Johnson, o mesmo do filme Entre Facas e Segredos, aposta no chamado “howcatchem”. Trata-se de um mote na linha “como pegar o assassino”, explorado com primor por Alfred Hitchcock em clássicos como Disque M para Matar. Cada episódio de Poker Face começa mostrando o crime, sempre com alguma celebridade no elenco — a nova temporada abre com Cynthia Erivo, estrela de Wicked, que se desdobra em cinco papéis simultâneos. A graça reside em ver como a protagonista Charlie vai desvendar o caso.

SAGAZ - Julia McKenzie como Miss Marple em série inglesa: detetive idosa de Agatha Christie
SAGAZ - Julia McKenzie como Miss Marple em série inglesa: detetive idosa de Agatha Christie (//Divulgação)

Ao contrário das colegas que trabalham como detetives, ela não quer formalizar a função. “Charlie é uma mistura de Philip Marlowe com um toque de O Grande Lebowski”, disse Natasha a VEJA sobre as inspirações para a personagem — o primeiro é um detetive canastrão e o segundo, um desocupado sem ambições. O que a motiva é a curiosidade patológica. “Ela quer se intrometer na vida dos outros para ajudá-los”, diz a atriz. Suas peripécias chamam a atenção do FBI, que tenta contratá-la sem sucesso. Vira e mexe, ela até pede ajuda ao agente vivido por Simon Helberg (The Big Bang Theory). Charlie, porém, sabe que sua principal aliada é outra: a velha e boa intuição feminina.

Publicado em VEJA de 16 de maio de 2025, edição nº 2944

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