Os filmes (e a plateia) na mira das tarifas insanas de Donald Trump
Presidente americano quer taxas de 100% sobre produções feitas fora dos Estados Unidos

Em mais um rompante sem eira nem beira, o presidente americano Donald Trump soltou a bomba de que pretende uma tarifa de 100% sobre qualquer filme feito fora dos Estados Unidos. Segundo ele, Hollywood está morrendo, pois outros países oferecem incentivos fiscais, o que não só afetam a mão de obra americana como infiltram “propagandas” políticas para o território americano, sendo assim, então, uma ameaça à segurança do país.
Sem definições claras, ainda não se sabe como e se de fato essa taxa será aplicada. O mercado audiovisual, porém, já se rebelou contra a medida. Inicialmente, o que parece uma forma de rechaçar o cinema que não seja americano, a proposta de Trump afeta, especialmente, o cinema americano.
Em um mundo globalizado, filmar em outros países, ou compartilhar talentos entre vários locais virou regra há muito tempo. Por exemplo, Avatar é uma coprodução feita por uma vasta equipe americana, mas com sede na Nova Zelândia, onde o diretor James Cameron vive. Os filmes da Marvel, como Thunderbolts, em cartaz no cinema atualmente, são feitos em estúdios variados, muitas vezes em Londres, na Inglaterra, com mão de obra que permeia todo o globo. A empresa de efeitos especiais Industrial Light & Magic, berço de Star Wars, sediada em São Francisco, na Califórnia, usa mão de obra de diversos profissionais europeus e asiáticos com o intuito de dar conta de tanta demanda: assim, o trabalho da empresa é feito 24 horas por dia, sem parar. E isso sem falar das animações, que funcionam no mesmo modelo e nem ao menos demandam um estúdio fixo para gravações.
Desse modo, a maior vítima da proposta de Trump é, justamente, Hollywood – e, consequentemente, o espectador, que terá de lidar com ingressos muito mais caros.