‘O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo’: a animação fofa do Oscar 2023
O curta da AppleTV indicado ao prêmio é uma adaptação do livro homônimo infantojuvenil que aparece na lista dos Mais Vendidos de VEJA

Perdido e vagueando pela neve, um garotinho começa uma amizade inusitada com uma simpática toupeira que adora fazer referências a bolos. Do alto de uma árvore, o menino confessa que seu sonho é encontrar um lar. Embora não saiba exatamente o que isso significa, entende que precisa de um – e vai contar com outras companhias animais ao longo da jornada. Essa é a trama da tocante animação em curta-metragem O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, lançada no Natal passado pelo Apple TV+ em coprodução com a BBC — e que concorre ao Oscar. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo do ilustrador britânico Charlie Mackesy, um best seller do The New York Times que faz agora sua estreia na lista dos livros mais vendidos no Brasil publicada por VEJA.
Ainda que a linguagem simples remonte a um livro infantil, as mensagens da narrativa são universais e podem ressoar em qualquer um, não importa a idade. Com traços encantadores feitos com caneta tinteiro, Mackesy conta uma história à la O Pequeno Príncipe, clássico infantil de Antoine de Saint-Exupéry, com citações comoventes e esperançosas que abordam como lidar com o medo e os entraves da vida – logo, ensinam sobre a importância do amor, da gentileza, da coragem, do companheirismo e da grandiosidade de cada indivíduo. Os pensamentos – por vezes clichês, mas sempre tocantes – ganham vida belamente na charmosa animação, cuja versão original em inglês recebe as vozes dos atores Tom Hollander, Idris Elba e Gabriel Byrne, e trilha sonora da compositora Isobel Waller-Bridge, irmã da criadora e protagonista de Fleabag.
Charlie Mackesy, além de ilustrador de livros, já trabalhou como cartunista na revista The Spectator e em um projeto de litografias com Nelson Mandela. Nos primórdios, o que viria a se tornar O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, seu primeiro livro, era simples: o autor começou a transformar em desenhos suas conversas de WhatsApp com amigos sobre os significados da vida. Ao compartilhá-los no Instagram, chamou a atenção de instituições e profissionais de saúde, que passaram a utilizar suas imagens para mostrar aos seus pacientes a beleza da vulnerabilidade e da resiliência. A conquista de milhares de seguidores levou ao livro, o que pouco depois permitiu animar a história. Mackesy não tinha experiência prévia com animação, e precisou aprender um pouco sobre esse universo junto da equipe durante a adaptação para as telas. Em entrevista à Variety logo após a indicação ao Oscar, ele confessou ter criado gosto pelo formato, e que já está pensando em próximos projetos.