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O fantasma apocalíptico trazido de volta pelo filme Casa de Dinamite

No sufocante longa, a diretora Kathryn Bigelow revive o medo de um apocalipse nuclear e alerta para os perigos que rondam o mundo atual

Por Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 out 2025, 08h00

Em um dia de trabalho comum na Casa Branca, a agente Olivia Walker (Rebecca Ferguson) vê o pesadelo de toda a humanidade se materializar na tela do computador: com bipes nervosos e um grande triângulo vermelho em movimento, a máquina avisa, para desespero da equipe de segurança americana, que um míssil nuclear foi lançado e vai atingir a populosa cidade de Chicago em dezoito minutos. É esse o curto intervalo de tempo que os ansiosos agentes têm para agir — e no qual se passa o aflitivo Casa de Dinamite, filme que acaba de estrear em alguns cinemas brasileiros e que chega à Net­flix no dia 24 de outubro.

Dirigido pela oscarizada Kathryn Bigelow, que levou duas estatuetas ao se embrenhar no universo militar em Guerra ao Terror (2008), o longa leva para as telas um tema que já foi assunto cativo de Hollywood, mas que acabou escanteado nos últimos anos: a ameaça iminente de uma guerra nuclear, capaz de exterminar cidades inteiras em segundos — e de extinguir toda a vida na Terra. “Sinto que normalizamos as armas nucleares, mas elas ainda estão ao nosso redor”, contou Bigelow a VEJA (leia a entrevista abaixo), destacando que o longa se tornou ainda mais atual à medida que a produção avançava e as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza ganhavam escala e rumos alarmantes.

A história da criação das primeiras bombas atômicas, lançadas pelos americanos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra, ganhou um retrato vigoroso em Oppenheimer, grande vencedor do Oscar no ano passado. Mas a relação do cinema com o tema da ameaça nuclear começou muito antes. De forma indireta, esse temor foi abordado em filmes sobre monstros produzidos por testes atômicos, como O Monstro do Mar (1953) e Godzilla (1954). Com a intensificação da Guerra Fria e o medo crescente de um conflito nuclear entre Estados Unidos e União Soviética, surgiram tramas como O Dia Seguinte, produção de 1983 que chocou ao reproduzir com realismo os efeitos de uma eventual guerra nuclear. Com a distensão após a queda dos regimes comunistas, na virada dos anos 1990, porém, as ogivas atômicas deram lugar a outro fantasma nas telas: o terrorismo, que passou a assombrar os americanos a partir do 11 de Setembro. “Desde o fim da Guerra Fria, a ameaça nuclear infelizmente desapareceu da consciência de muitas pessoas”, diz Noah Oppenheim, roteirista de Casa de Dinamite.

TIQUE-TAQUE - Corrida contra o tempo: ação se passa em intervalo de dezoito minutos
TIQUE-TAQUE - Corrida contra o tempo: ação se passa em intervalo de dezoito minutos (Eros Hoagland/Netflix)

O motivo de o novo filme provocar uma renovada reflexão sobre o assunto não é otimista: atualmente, nove países possuem bombas atômicas, e o Relógio do Juízo Final — que marca quanto a humanidade está supostamente próxima da própria aniquilação — nunca esteve tão perto da meia-­noite. Pesou bastante nisso, sobretudo, a guerra entre Ucrânia e Rússia, que intensificou o medo de um embate nuclear — embora o lançamento de uma ogiva seja tratado hoje como uma ação praticamente suicida.

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É justamente a possibilidade de um ato desmesurado que embala Casa de Dinamite e torna o filme tão aterrorizante. “Antes havia um mundo polarizado entre Estados Unidos e Rússia. Hoje, as coisas estão ficando exponencialmente mais complicadas”, opina Oppenheim. Não à toa, os agentes do longa se veem em posição periclitante: eles não sabem nem quem lançou a ogiva contra os Estados Unidos, alternando palpites entre Rússia, China e Coreia do Norte. Sem certeza da autoria, qualquer decisão fica mais arriscada, pondo todos numa sinuca de bico entre deixar que uma cidade americana seja exterminada sem resposta ou revidar e transformar o conflito em algo ainda mais catastrófico.

Presidente americano no longa, Idris Elba conta que nunca havia parado para pensar que uma única pessoa tem o poder de iniciar uma guerra e destruir a humanidade. “Falamos sobre guerra nuclear, mas acho que muita gente não entende realmente o que isso significa”, diz o ator. Bem construído e embasado em extensa pesquisa sobre a segurança americana, o longa mostra Kathryn Bigelow em plena posse de sua maior qualidade: a capacidade de nos fazer refletir sobre a insensatez da guerra e a difícil tarefa de remediar uma escalada quando ela já está posta e se revela imprevisível. Mais que nunca, o velho pesadelo nuclear está de volta.

“É um momento muito instável”

Diretora de Casa de Dinamite e do aclamado Guerra ao Terror (2008), Kathryn Bigelow falou a VEJA sobre o temor atual com a ameaça atômica.

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VISÕES DE GUERRA - Kathryn Bigelow: “Precisamos de uma discussão séria sobre o tema”
VISÕES DE GUERRA - Kathryn Bigelow: “Precisamos de uma discussão séria sobre o tema” (Franco Origlia/Getty Images)

Desde que a senhora começou a trabalhar no filme, guerras que estão em curso se agravaram, trazendo de volta o fantasma de um conflito nuclear. Como a história dialoga com os medos de hoje? O risco nuclear já era um tema relevante quando iniciamos o projeto e foi se tornando mais oportuno e atual à medida que avançamos na produção. É assustador e enervante pensar nisso.

Em que sentido? Nós vivemos em um mundo onde há mais de 12 000 ogivas nucleares. Hoje, nove países possuem esse tipo de armamento, mas só três deles são membros da Otan. É um momento extremamente instável.

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Como o cinema pode contribuir nesse cenário delicado? Acredito que possa ajudar iniciando uma conversa sobre o tema. Quero que o filme reflita essa realidade, porque precisamos nos manter tão informados quanto possível.

Na época da Guerra Fria, filmes sobre ameaças nucleares estavam sempre em alta em Hollywood. O que mudou de lá para cá? Eu sinto que nós normalizamos, de certa forma, a perspectiva de armas nucleares. No entanto, nada mudou: elas ainda são uma ameaça e seguem ao nosso redor.

E o que podemos fazer sobre isso? Acredito que precisamos iniciar uma discussão séria sobre a redução do estoque nuclear. Isso seria algo muito produtivo para todo o mundo.

Publicado em VEJA de 10 de outubro de 2025, edição nº 2965

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