Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

Nicolas Cage aprende o valor de rir de si mesmo em ‘O Peso do Talento’

Endividado e ironizado em memes, ele prova que é, acreditem, um ótimo ator

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h59 - Publicado em 14 Maio 2022, 08h00

Aborrecido, Nicolas Cage dirige o carro após um almoço vergonhoso com um cineasta: sem conseguir manter a pose, o ator implorou pelo papel em um filme que o ajudaria a dar a volta por cima. Outrora cobiçado, Cage vem acumulando dívidas e atuações medianas. Ele, então, tem uma conversa séria consigo. Ou melhor, com uma figura curiosa no banco do passageiro: trata-se do próprio Cage, aos 20 e poucos anos, enérgico, com jaqueta de couro e cabelo loiro, numa mistura do garanhão de Coração Selvagem (1990) e do mestre do volante de 60 Segundos (2000), personagens do auge da carreira. Ao minimizar a importância de ter perdido um papel, sua versão egoica imaginária berra: “Você não é um ator: você é um astro do cinema!”.

Nicolas Cage: Hollywood’s Stranger Than Fiction, Walking, Talking Meme

Interpretando a si mesmo — e em dose dupla —, Cage se esbalda no afiado humor autodepreciativo de O Peso do Talento, em cartaz nos cinemas. Na trama, o ator, hoje aos 58 anos, reflete e ironiza sua realidade fora das telas. Falido e escanteado pelos estúdios, ele topa ser uma presença vip no aniversário de Javi, um ricaço espanhol (Pedro Pascal), que lhe oferece 1 milhão de dólares pela aparição. A viagem vexatória é rapidamente vertida em um thriller cômico. Javi está sob a mira de agentes da CIA por seu envolvimento com um cartel de armas — e o ator é recrutado pelas autoridades para espionar o anfitrião. O problema é que o astro hollywoodiano se apega a Javi, com quem compartilha um gosto peculiar (e narcisista): ambos são fiéis admiradores de Nicolas Cage.

Age of Cage: Four Decades of Hollywood Through One Singular Career

Continua após a publicidade

Rir de si é um desafio a que egos inflados de Hollywood têm se entregado no afã de reinventar sua imagem. Recentemente, o belga Jean-Claude Van Damme fez isso na série que leva, parcialmente, seu nome. Em Jean-Claude Van Johnson, do Amazon Prime Video, o fortão está aposentado e em crise. Para além de um exercício de humildade, esses roteiros ajudam a espantar a urucubaca que paira sobre as estrelas em decadência. Cage aproveitou ao máximo a oportunidade: de astro excêntrico a piada nas redes sociais, ele agora vem provar que é, doa a quem doer, um ótimo ator.

SOLITÁRIO - O ator no filme Pig: drama elogiado sobre um ermitão e seu porco -
SOLITÁRIO - O ator no filme Pig: drama elogiado sobre um ermitão e seu porco – (David Reamer/Divulgação)

O percurso de ascensão, queda e redenção do artista na vida profissional é intrinsecamente ligado aos altos e baixos de sua vida pessoal. Batizado Nicolas Kim Coppola, sobrenome escondido para não ficar sob a sombra do tio famoso, Francis Ford Coppola, Cage explodiu nos anos 1990 com filmes que aliavam popularidade e prestígio. Levou o Oscar por Despedida em Las Vegas (1995) e arrebanhou espectadores com títulos de ação como Con Air: Rota de Fuga. Arriscou-se no papo cabeça com Adaptação, drama metalinguístico do cineasta Charlie Kaufman sobre dois irmãos roteiristas, ambos vividos por Cage. Enquanto isso, sua vida pessoal movimentada fez a alegria dos tabloides: o ator se casou cinco vezes, e entre as esposas estavam a filha de Elvis Presley, Lisa Marie, e Patricia Arquette, a quem ele pediu em casamento no mesmo dia em que se conheceram. Perdulário, Cage ganhou e gastou 150 milhões de dólares em dez anos, torrando grana em itens como um crânio de dinossauro e um castelo na Europa. Logo se enrolou com o fisco, sendo obrigado a trabalhar em filmes medíocres para pagar as contas. O que parecia ruim ficou pior na era das redes sociais. Sua excentricidade registrada em vídeos no passado foi recuperada com lupa jocosa pela internet: Cage virou uma piada ambulante. No Brasil, ele ganhou um meme originalmente nacional, o “Nicolas Cagezinho”, que satirizava pessoas de autoestima elevada e sem noção.

Continua após a publicidade

O caminho da recuperação foi delineado nos últimos anos, com pérolas como o terror Mandy (2018) e o drama Pig (2021), no qual faz um ermitão em crise após ter seu porco de estimação sequestrado. A volta por cima é selada por O Peso do Talento. O roteiro assinado pelo diretor Tom Gormican chegou às mãos de Cage em 2019. Ao considerar a participação numa sátira sobre si mesmo, ele titubeou. Mas, curiosamente, o que acabou prevalecendo foi a chance de lembrar o público de suas habilidades cômicas. A melhor saída para um astro caído, prova Cage, é rir para não chorar.

Publicado em VEJA de 18 de maio de 2022, edição nº 2789

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Nicolas Cage aprende o valor de rir de si mesmo em ‘O Peso do Talento’Nicolas Cage: Hollywood's Stranger Than Fiction, Walking, Talking Meme
Nicolas Cage: Hollywood’s Stranger Than Fiction, Walking, Talking Meme
Nicolas Cage aprende o valor de rir de si mesmo em ‘O Peso do Talento’Nicolas Cage aprende o valor de rir de si mesmo em ‘O Peso do Talento’
Age of Cage: Four Decades of Hollywood Through One Singular Career
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.