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Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca

James Cameron a VEJA, sobre Avatar: ‘Não vou substituir os atores pela IA’

O cineasta eleva a aposta na fórmula que fez da franquia um sucesso absoluto, ao usar qualidade técnica e visual em manifesto em defesa do meio ambiente

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 dez 2025, 06h00 •
  • Na mitologia grega, Pandora foi o primeiro ser humano mortal criado pelos deuses. Ficou mais conhecida, porém, pela caixa com a qual foi presenteada por Zeus, sob a advertência de que nunca deveria abri-­la. Tomada pela curiosidade, ela espiou dentro do objeto, libertando todos os males que existem no mundo. No universo fictício de Avatar, Pandora é o nome da lua onde vivem os Na’vis, os alienígenas azulados da saga: o local que parece um presente, abundante em riquezas naturais, é cercado por mistérios e perigos. A associação do mito clássico com a saga, contudo, é mais profunda: a curiosidade humana ajudou a espécie a evoluir, mas o rastro de destruição que se segue ao progresso trazido por ela ameaça o futuro. Dessa ansiedade, o cineasta James Cameron extraiu um ambicioso, eficaz e caríssimo manifesto ecológico, o qual ganha agora um terceiro filme, Avatar: Fogo e Cinzas (Avatar: Fire and Ash, Estados Unidos, 2025), que estreia no país na quinta-feira 18.

    NOVA VILÃ - Varang: ambiciosa, ela dá início a uma guerra entre os Na’vis
    NOVA VILÃ – Varang: ambiciosa, ela dá início a uma guerra entre os Na’vis (20th Century Studios/.)

    Se no primeiro filme, de 2009, Cameron usou os Na’vis como alegoria das populações indígenas, defendendo o direito delas à terra onde vivem, na sequência Avatar: o Caminho da Água, de 2022, ele foi mais específico ao ressaltar a importância da proteção dos oceanos. Agora, o canadense de 71 anos coloca em primeiro plano os fatores que corroem as relações, levando os humanos (ou os Na’vis) a uma espiral de autodestruição e, consequentemente, arrastando consigo animais e a natureza. “Nosso superpoder é a empatia. Formamos famílias, clãs, tribos. Buscamos um grupo para pertencer”, disse o diretor em entrevista a VEJA (leia mais).

    Mas ele mesmo expõe o reverso de tal qualidade humana. “Nosso lado obscuro é a animosidade que desenvolvemos contra um inimigo, ou o que achamos ser um inimigo, quando nosso grupo se sente ameaçado”, diz. A nova trama ilustra o que Cameron está falando. Nela, Neytiri (Zoe Saldana) sofre com a perda de um filho e desenvolve forte aversão a humanos. Entre os próprios Na’vis a situação não é melhor: chega ao elenco a vilã Na’vi Varang (Oona Chaplin, neta de Charlie Chaplin), que se opõe ao casal de protagonistas, Neytiri e Jake Sully (Sam Worthington), almejando poder e respeito.

    Cameron é mestre em criar tramas que cristalizam angústias humanas em roteiros simples, mas superproduções de altíssima qualidade técnica. Na década de 1980, explorou os receios da escalada tecnológica em O Exterminador do Futuro — roteiro que se revela ainda mais assustador hoje, com a inteligência artificial. Apesar desse histórico, ele não se diz contra as ferramentas de IA, mas faz questão de separar o joio do trigo. “Nunca vou usar IA para criar um personagem”, diz. A postura condiz com uma das muitas inovações da franquia, que é a captura de movimento de atores de verdade. “Avatar não tem IA generativa, gravamos as imagens com humanos e depois aplicamos os efeitos em computação gráfica. São técnicas distintas”, explica o diretor.

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    ARTESANIA - No set: atores “por dentro” dos alienígenas
    ARTESANIA – No set: atores “por dentro” dos alienígenas (20th Century Studios/.)

    Quando fez o primeiro rascunho de Avatar, em 1995, Cameron ouviu que seria impossível criar aquele mundo alienígena em 3D. Havia uma enorme lacuna entre o que ele queria e a tecnologia existente. O cineasta se dedicou, então, ao também ambicioso, só que mais factível, Titanic — hit cinematográfico que lhe deu estofo para pleitear o orçamento que culminou em Avatar. No caminho, ele se embrenhou em explorações submarinas e até numa parceria com a Nasa para observar Marte, dando vazão a seu lado mezzo cientista, mezzo engenheiro. Ao alcançar os meios tecnológicos necessários, em 2005, passou a se dedicar quase apenas a Avatar. E lá se vão duas décadas vivendo em Pandora.

    Com a estreia do terceiro filme, Cameron sugeriu que vai deixar sua criação voar para as mãos de outros profissionais num futuro próximo. Em um momento mais dramático, chegou até a dizer que, caso Fogo e Cinzas não seja um sucesso, pode encerrar a saga aqui. A régua é alta. Os dois filmes anteriores somam 5,2 bilhões de dólares em bilheteria, um marco exclusivo da saga Avatar, que detém o primeiro e o terceiro lugares no ranking de filmes mais rentáveis da história — Vingadores: Ultimato é o segundo da lista. A mensagem ecológica, vale lembrar, nunca foi o apelo primordial da saga: os elementos que atraem o público são a emoção, a aventura e a experiência visual imersiva. Só que, ironicamente, ao empurrar a qualidade técnica da indústria para cima, Avatar deixou de ser algo único para se tornar um pioneiro louvável. Ainda assim, continua a deslumbrar na tela. Cameron já travou muitas batalhas até aqui — e, seja qual for o resultado, não pretende recuar.

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    “Eu gosto de desafios”

    James Cameron falou a VEJA sobre o novo Avatar, os planos para o futuro da saga e a invasão da IA no cinema.

    INCANSÁVEL - O cineasta canadense: “Não sei tirar férias”
    INCANSÁVEL - O cineasta canadense: “Não sei tirar férias” (John Russo/20th Century Studios/.)

    Como Avatar: Fogo e Cinzas se relaciona com o mundo de hoje? Ele é o mais emotivo. Fala sobre como tratamos uns aos outros. É mais sombrio, mas tem a beleza, a aventura e aquele tom esperançoso associados a um filme Avatar.

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    O filme mostra Na’vis lutando entre si. Seria uma conexão com as guerras que os humanos travam com a própria espécie? Sim, os humanos são combativos, mas também cooperativos. Nosso superpoder é a empatia. Formamos famílias, clãs, tribos. Buscamos um grupo para pertencer. O lado obscuro disso é a animosidade que desenvolvemos contra um inimigo, ou o que achamos ser um inimigo, quando nosso grupo se sente ameaçado. Nossa empatia é hackeada. O fogo do ódio deixa apenas as cinzas da dor.

    Sendo alguém que ama inovações, o que pensa sobre a inteligência artificial no cinema? É um desafio. A palavra-chave é equilíbrio. A questão da IA não é o que ela pode fazer, mas o que queremos fazer com ela. Eu pretendo aderir a essas ferramentas para ajudar no fluxo de trabalho, mas nunca no processo criativo. Não vou substituir atores. Eu crio as imagens, nunca a IA. Acho importante ressaltar que não usei inteligência artificial em Avatar. E nunca vou usá-la para criar um personagem.

    Após tantos anos, não se cansou de Avatar? Eu tenho outros projetos em vista, então será, sim, um alívio sair um pouco de Avatar, assim como será reconfortante poder voltar para ele. Minha ambição é fazer como George Lucas fez com Star Wars: imagino Avatar como um universo persistente e tocado por outras pessoas no futuro. Por enquanto, eu ainda tenho energia para fazer esses filmes que são muito complexos. Outra coisa é que eu não sei tirar férias. Dizem que é legal descansar, mas não tenho aptidão para isso. Eu gosto de desafios, não de relaxamento.

    Publicado em VEJA de 12 de dezembro de 2025, edição nº 2974

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