De Spike Lee a Robert DeNiro, Festival de Cannes esbanja farpas anti-Trump
Cineastas são alguns dos críticos mais avessos ao presidente dos Estados Unidos, que ameaça impor tarifa sobre filmes produzidos fora do país

Desde seu início em 13 de maio , o Festival de Cannes tem sido palco não só para a exibição de filmes muito aguardados, como de declarações inflamatórias de seus realizadores, muitos dos quais são americanos e críticos ferrenhos da administração atual do republicano Donald Trump. Em discursos e coletivas de imprensa, artistas do alto escalão de Hollywood deixam claras suas queixas sobre o líder do país, lista que inclui Spike Lee, Wes Anderson, Robert DeNiro, Richard Linklater e Pedro Pascal.
Spike Lee
Nesta terça-feira, 20 de maio, o cineasta Spike Lee foi questionado sobre o estado da moral nos Estados Unidos na era das redes sociais e logo refletiu sobre a gestão de Trump. “Não sei o quanto podemos dizer sobre valores americanos considerando quem é o presidente”, ironizou. Quanto à pergunta, comparou as redes ao próprio cinema e se negou a demonizá-las. Mais tarde, foi questionado sobre as tarifas do republicano sobre filmes produzidos fora dos Estados Unidos — ameaça ainda difusa, mas intimidadora — e afirmou não ter a resposta apropriada. Mesmo assim, frisou que “pessoas estão sofrendo” com a possibilidade de que toda e qualquer filmagem rodada fora do país seja taxada para circular lá dentro — neste ano, por exemplo, menos acordos de distribuição estão saindo de festivais europeus como Cannes. Hoje, a maioria das produções de estúdios americanos ocorrem em partes do mundo nas quais um set sai mais barato do que na Califórnia. Apesar disso, o novo filme de Lee que estreou fora da competição de Cannes, Highest 2 Lowest, foi filmado em Nova York.
Wes Anderson
Na atual edição do evento, nenhum realizador é capaz de fugir da pergunta sobre as tais tarifas. Wes Anderson respondeu com humor ao recebê-la. Em tom jocoso, o diretor se mostrou confuso com a ideia — “É possível segurar um filme na alfândega? Eles não são exportados desse jeito”. Continuando, ele afirmou nunca ter ouvido falar em uma tarifa de 100% antes e questionou se isso significa que o governo americano ficaria com todo o dinheiro captado pelas produções. “Nesse caso, sobra o que para nós? Me parece complicado”, concluiu. Anderson compete pela Palma de Ouro com O Esquema Fenício, que foi filmado em parte na Alemanha.
Richard Linklater
Também parte da competição pela palma com o longa Nouvelle Vague, sobre os diretores por trás do movimento cinematográfico francês, Richard Linklater foi mais categórico ao abordar as tarifas: “Isso não vai acontecer”. Na visão do cineasta, Trump muda de ideia “50 vezes por dia e filmes são nossa maior exportação”.
Robert De Niro
O ator veterano recebeu uma Palma de Ouro honorária no evento e aproveitou o destaque para se posicionar contra o presidente. “Trump cortou o financiamento e o apoio às artes, às ciências humanas e à educação. E agora ele anunciou a tarifa de 100% sobre os filmes produzidos fora dos Estados Unidos. Não se pode colocar um preço na criatividade, mas, aparentemente, pode-se colocar uma tarifa sobre ela”, disse ele antes de conclamar “todos que se preocupam com a liberdade” a protestar contra Trump.
Pedro Pascal
O galã de The Last of Us foi até a Croisette para participar da estreia de Eddington, novo filme do autor Ari Aster do qual faz parte. Em um cenário de faroeste contemporâneo, o longa satiriza o clima político polarizado dos Estados Unidos, combustível de paranoia e atitudes drásticas. Por conta disso, as entrevistas com elenco e equipe têm tido foco claro na governança do país. Questionado sobre as políticas anti-imigração do republicano, o ator chileno disse querer que as pessoas estejam “seguras e protegidas”. Depois, acrescentou: “Penso que o medo é como eles vencem, então temos que continuar a contar histórias”. Pascal, porém, não citou o nome de Trump diretamente.
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