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Por Raquel Carneiro
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‘Matéria Escura’: série com Alice Braga ilumina o ‘hard sci fi’

Na trama, um homem preso entre realidades paralelas vive uma saga peculiar que explora teorias complexas da física

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2024, 17h07 - Publicado em 3 Maio 2024, 06h00

Em 1935, o físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) sugeriu um experimento para explicar de forma didática uma inescrutável teoria da mecânica quântica. O primeiro passo é imaginar um gato fechado em uma caixa onde também há um frasco com material radioativo. Se esse recipiente quebrar, o gato morre. Caso contrário, ele vive. Para quem não enxerga dentro da caixa, o resultado é aparentemente ilógico: segundo o cientista, o animal está, para quem olha assim, vivo e morto ao mesmo tempo. Quem abrir a caixa, contudo, verá só um dos dois desfechos. Não se trata de mera charada: o experimento amplamente conhecido como o Gato de Schrödinger sugere que existem duas realidades paralelas — e, em uma delas, o bichano teve mais sorte que na outra. Na série Matéria Escura, que estreia na quarta 8, na Apple TV+, a teoria é destrinchada pelo professor Jason Dessen — vivido pelo australiano Joel Edgerton — para uma sala de alunos pouco interessados. Tal distração é desaconselhada para quem assiste à trama: inteligente e ágil, a adaptação do livro de mesmo nome de Blake Crouch demanda atenção. Como recompensa, oferece entretenimento de engenhosa qualidade.

Matéria Escura – Blake Crouch

Matéria Escura reforça uma leva recente de séries classificadas como hard sci-fi, um subgênero da ficção científica no qual teorias difíceis são explicadas de forma detalhada, acompanhadas de visual arrojado e aplicações práticas na sociedade. É o caso da pop O Problema dos 3 Corpos, da Netflix, sobre um enigma envolvendo forças gravitacionais e uma invasão alienígena; e da incensada Fundação, também da Apple TV+, inspirada na obra de Isaac Asimov, na qual a humanidade é regida por uma ciência estatística que se propõe a prever ações coletivas. Em Matéria Escura, o autor do livro, que também atua como showrunner nos bastidores, explora os meandros do dito multiverso, termo que se tornou comum no cinema de super-­heróis nos últimos anos, mas que ganha uma roupagem mais elegante e de apelo humano na série.

O problema dos três corpos – Cixin Liu

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Jason é um professor universitário, pai de um adolescente e casado com Daniela, papel de Jennifer Connelly. Um dia ele é sequestrado e acorda em um lugar desconhecido. Quando entra em sua casa, não encontra a família, mas, sim, uma namorada, Amanda, interpretada pela brasileira Alice Braga, que trabalha como psiquiatra na empresa onde Jason é uma estrela da pesquisa quântica. A vida aparentemente melhor, mais próspera e profissionalmente realizada não é suficiente para prender o protagonista, que quer voltar à sua realidade original — trilha que dá mote a uma viagem de possibilidades obscuras e até apocalípticas, passando por mundos onde a civilização e o planeta não acabaram bem.

Fundação: saga completa – Isaac Asimov [Box]

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Parte essencial da trama, a personagem de Alice segue a mesma trajetória, e com um extra: ao contrário do livro, na série ela ganha um passado que aponta para suas raízes brasileiras — adaptação feita especialmente pelo autor para a atriz. “Hollywood mudou bastante”, diz Alice a VEJA (leia entrevista). “Latinos eram resumidos a papéis estereotipados, de traficantes e assassinos. Hoje, temos oportunidades múltiplas. O que importa é a atuação, e não a etnia.” A atriz, que despontou no filme Cidade de Deus (2002), hoje se divide entre Los Angeles e São Paulo, e mostra na prática essa evolução. Entre 2016 e 2021, ela protagonizou A Rainha do Sul — que, apesar de ser uma série notável, é sobre latinos envolvidos com o narcotráfico. Já na minissérie Assassinato no Fim do Mundo, lançada aqui no ano passado pela plataforma Star+, Alice interpreta uma médica astronauta, também caracterizada como brasileira. “São papéis que funcionam para qualquer nacionalidade”, diz.

Cidade de Deus – Paulo Lins

No caso de séries como Matéria Escura, em nada atrapalha a variedade de origens dos personagens — pelo contrário, ela a enriquece. Para além da roupagem sci-fi, o drama reflete sobre as consequências das escolhas que cada um faz ao longo da vida. No Brasil ou nos Estados Unidos, sempre existirão indivíduos felizes e arrependidos, realizados e ressentidos. Uma jornada quântica que, ao menos por enquanto, só a ficção pode percorrer.

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Publicado em VEJA de 3 de maio de 2024, edição nº 2891

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