Como um filme da Pixar foi de fracasso no cinema a hit no streaming
'Elementos' teve estreia decepcionante nas salas de exibição, mas ressurgiu com força no Disney+ e acabou rendendo um dinheirão para o estúdio
Grande aposta da Pixar para o Oscar 2023, o filme animado Elementos decepcionou nas bilheterias na época de sua estreia, mas se tornou uma das maiores surpresas do ano ao permanecer firme nas salas de cinema, acumulando 500 milhões de dólares globalmente – a nona maior bilheteria do ano –, e alcançando o posto de longa mais visto da história do Disney+. A jornada de fênix da produção roteirizada e dirigida por Peter Sohn se apoia em fatores nada inéditos, mas que exaltam uma peculiaridade dos tempos atuais: críticas podem acabar com um filme — mas também podem levantá-lo.
Uma releitura da clássica história sobre opostos que se atraem, Elementos segue o encontro de Faísca, uma jovem feita de fogo, e Gota, composto do elemento água, em uma jornada sobre amizade, família e amor incondicional. A trama é baseada na própria vida de Peter Sohn, descendente de imigrantes sul-coreanos nos Estados Unidos, e que viria a e casar com uma americana. O filme, que custou 200 milhões de dólares e levou sete anos para ser produzido, chegou aos cinemas em julho e amargou o título de pior estreia de um filme da Pixar da história, com míseros 29,6 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana. Resultado frustrante para os mais de 300 profissionais que trabalharam na história.
Funcionário da Pixar há mais de vinte anos, Peter Sohn trabalhou em vários blockbusters da empresa, como Wall-E, Procurando Nemo, Os Incríveis, e também foi o diretor de O Bom Dinossauro (2015). Ele foi surpreendido com o início ruim de Elementos. “Fiquei com o coração partido, com certeza. O filme simplesmente não estava se conectando com as pessoas. Houve muita surpresa. Houve muitas conversas de apoio dizendo como o filme é bom e como acreditamos no trabalho que fizemos. Também houve muitas conversas sobre como chegamos aqui”, lamentou Sohn em entrevista à Vulture.
Apesar daquele começo ruim, o filme ganhou força semana após semana graças a um marketing “boca a boca”, com espectadores falando que o longa era “ruim” e atraindo a curiosidade de novas audiências. Com isso, a animação ultrapassou a marca de 150 milhões de dólares na bilheteria doméstica em dois meses e encheu os cofres da Pixar – também em função dos números robustos conquistados na Europa, América Latina e na Coreia do Sul. Quem poderia imaginar que uma metáfora sobre imigração faria sucesso justamente com povos de fora dos Estados Unidos. As críticas foram melhorando no Rotten Tomatoes, em que Elementos subiu para 74% no medidor do site usado por cinéfilos – o filme tem aprovação de 93% dos usuários. “As mesmas forças que o derrubaram o trouxeram de volta. Eu nunca havia presenciado isso antes”, destacou Peter.
Quando a animação estreou no Disney+, em setembro, se provou um sucesso ao virar o filme mais visto do ano na plataforma, com 26,4 milhões de visualizações nos primeiros cinco dias de lançamento. Em um mês saltou para 60 milhões de visualizações, superando sucessos genuínos da Disney como A Pequena Sereia e Guardiões da Galáxia Vol. 3 no mesmo período de tempo. A Pixar agora espera vender DVDs e Blu-Rays de Elmentos ao redor do mundo, com 1,7 milhão de cópias digitais movimentadas por meio de canais como iTunes, Google Play e Amazon.
Com essa trajetória surpreendente, Elementos ainda pode concorrer ao Oscar 2024 contra Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (favorito da corrida), O Menino e a Garça e até A Fuga das Galinhas 2. Se vencer, mostrará a força ainda presente do braço da Disney. “Acho importante que a equipe e o estúdio percebam que as pessoas ainda amam os filmes da Pixar. Fazer uma história de amor é arriscado hoje em dia. Esse romance que construímos tem valor e era isso que tinha urgência para mim”, conclui o diretor Peter Sohn.
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