Cineasta que terá filme exibido em Cannes foge do Irã após condenação
O iraniano Mohammad Rasoulof foi sentenciado a oito anos de prisão sob a acusação de que seus filmes ameaçam a segurança nacional
Nesta segunda-feira, 13, o diretor iraniano Mohammad Rasoulof anunciou que fugiu do Irã e está exilado na Europa após receber a sentença de oito anos de prisão em seu país natal. Selecionado para o Festival de Cannes com o longa The Seed of the Sacred Fig (“A Semente do Figo Sagrado”, em tradução livre), Rasoulof sofreu pressão de autoridades iranianas para retirar o filme da programação do evento, mas não acatou a ordem. Em consequência, o cineasta foi condenado pelo sistema judicial da República Islâmica por “conluio contra a segurança nacional”. Além dos anos de reclusão, a sentença ainda inclui chicotadas, multa e confisco de propriedades.
Rasoulof descreveu sua fuga em uma nota enviada à imprensa internacional: “Cheguei à Europa há poucos dias depois de uma viagem longa e complicada. Há cerca de um mês, os meus advogados informaram-me que a minha sentença de oito anos de prisão foi confirmada no tribunal e seria implementada num curto espaço de tempo”, diz o texto. “Não tive muito tempo para tomar uma decisão. Tive que escolher entre a prisão e deixar o Irã. Com o coração pesado, escolhi o exílio. A República Islâmica confiscou o meu passaporte em setembro de 2017. Por isso, tive que fugir secretamente”, continua.
No comunicado, Rasoulof também revelou que as autoridades iranianas convocaram e ameaçaram vários membros do elenco e da equipe de The Seed of the Sacred Fig, além de interrogar as famílias de pessoas envolvidas com a produção. “Eles tentaram convencer a equipe de filmagem de que não tinham conhecimento da história do filme e que haviam sido manipulados para participar do projeto”, escreveu. O longa polêmico segue a história fictícia de um juiz iraniano que luta contra a desconfiança e a paranoia à medida que protestos políticos se intensificam no país.
Rasoulof é conhecido por filmes como Lerd (2017), premiado em Cannes, Filho-Mãe (2019) e Não Há Mal Algum (2020). O diretor é parte de uma lista de outros profissionais do cinema que são perseguidos pelo governo iraniano. Em 2022, o aclamado Jafar Panahi, do premiado Táxi Teerã, foi preso após comparecer a uma audiência de Rasoulof, acusado de “propaganda contra o sistema”.
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