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‘Calígula’: o que muda no inédito ‘corte final’ do filme polêmico

Mais épica e menos pornográfica, nova versão estreou no Festival de Cannes em maio e chega aos cinemas brasileiros em dezembro

Por Thiago Gelli 18 nov 2024, 18h59

Um dos lançamentos mais infames dos anos 1970, Calígula (1979) chocou plateias de todo o mundo com seu conteúdo pornográfico misturado à épica trama situada no Império Romano, com cenários colossais, figurinos exuberantes e ambições megalomaníacas. Na época, o resultado provocava confusão. Eram, afinal, evidentes as múltiplas alterações impostas sobre o longa em sua pós-produção, na qual cenas de sexo explícito foram espalhadas sem cuidado com a cronologia ou atenção para a trama. Assim, o corte distribuído contava com várias incongruências e até cenas fora de ordem, que, quase 50 anos depois, Calígula: O Corte Final quer consertar. Com data de estreia para 5 de dezembro, a nova versão do filme estreou em maio no Festival de Cannes e surpreendeu pelas diferenças gritantes. Saiba as principais alterações antes de ir ao cinema:

Conteúdo explícito atenuado

O dito Corte Final foi feito em cima de 96 horas de material bruto da produção original. A partir disso, com a supervisão do historiador Thomas Negovan, a história do Imperador Calígula como contada pela obra foi refeita do zero. A nova versão, portanto, não preserva a ordem de cenas do corte que estreou em 1979, nem os frames utilizados para cada situação, mas opera de acordo com a mesma estrutura narrativa e tem quase todos os mesmos diálogos. Dela, foram cortadas as cenas mais pornográficas, que haviam sido dirigidas por Giancarlo Lui a pedido do produtor Bob Guccione, que demitiu o diretor Tinto Brass após ficar insatisfeito com suas pretensões para a edição do filme, menos lúgubres que o resultado.

Resolução de imagem aguçada

Seguindo a tendência de restaurações que chegaram às salas de cinema recentemente — como Paris, Texas A Hora da Estrela —, O Corte Final foi totalmente restaurado em 4k, ultra-alta definição. Até o momento, as cópias do filme em circulação só eram disponíveis em resolução menor, deteriorada pelas transferências dos negativos para VHS e DVD. Além disso, os organizadores da nova versão usaram inteligência artificial para aperfeiçoar certos cenários e faixas de áudio antes inutilizáveis.

Trilha sonora inédita

A trilha sonora original foi inteiramente descartada e substituída pelo trabalho de Troy Sterling Nies, que optou por intensificar o tom épico da trama, aproximando-a de filmes com temática similar como Gladiador.

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O que permanece igual 

Algo que O Corte Final não conquistou, contudo, é a aprovação do cineasta Tinto Brass, que também renega a versão mais popular do filme. O cineasta não teve envolvimento algum no projeto e até ameaçou processar seus organizadores, mas nenhum caso legal veio à tona. Enquanto isso, outra restauração encabeçada pelo alemão Alexander Tuschinski almeja reconstruir o filme de acordo com as anotações originais de Brass. Na contrapartida, tanto Malcom McDowell quanto Helen Mirren já disseram aprovar a visão de Thomas Negovan.

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