‘Besouro Azul’: o que esperar da estreia de Bruna Marquezine em Hollywood
Lançada na TV aos 5 anos, a atriz dá um salto na carreira ao dividir o protagonismo de uma produção da DC, que aposta em seu primeiro super-herói mexicano
Após um período estudando fora, o descendente de imigrantes mexicanos Jaime Reyes (Xolo Maridueña) volta a Palmera City, cidade do Texas que foi dominada pela fabricante de armas de guerra Kord, e descobre que sua família batalhadora não só se endividou para que ele pudesse se formar em direito, como também está prestes a ser despejada da casa numa vila em que os seis parentes moraram a vida toda. Disposto a tudo para impedir que o clã vá para a rua, o jovem cruza o caminho de Jenny Kord, herdeira da indústria, para pedir um emprego — mas acaba ganhando dela o serviço de guardar o Escaravelho, um artefato alienígena misterioso. Ao bisbilhotar o objeto, Jaime acaba dominado pelo besouro de metal, que entra em seu corpo e o transforma em um hospedeiro simbiótico que passa a protegê-lo, criando uma armadura indestrutível capaz de oferecer qualquer tipo de arma, de espadas afiadíssimas a metralhadoras. Assim nasce o personagem que dá título a Besouro Azul, superprodução da DC Comics já em cartaz no país, e que marca não somente a chegada do primeiro super-herói latino a um lançamento de luxo nos cinemas, como também o primeiro grande passo da brasileira Bruna Marquezine — intérprete da bem-intencionada Jenny — em Hollywood.
Com aceno explícito à América Latina e à colônia hispânica nos Estados Unidos, Besouro Azul traz referências diretas à cultura do continente, como a paixão por novelas mexicanas e até pelo universo da série Chaves. Além disso, o longa também representa uma virada importante no olhar da indústria do cinema sobre os latinos — que por anos foram retratados na ficção quase sempre em papéis subalternos ou como vilões, principalmente sob o estereótipo de traficantes de drogas.
Baseado na história em quadrinhos homônima, o filme coloca um mexicano como salvador da pátria que terá de impedir uma guerra civil projetada pela inescrupulosa Victoria Kord (Susan Sarandon), tia de Jenny que quer fortalecer o imperialismo americano. Quem tenta impedi-la é a sobrinha, filha de uma brasileira com Ted Kord, cientista que investigava o Escaravelho antes de desaparecer misteriosamente, e que tem papel importante. Com ideias politicamente corretas sobre os rumos da empresa, ela vira o interesse amoroso de Jaime e aliada crucial. A narrativa pontua a frieza dos americanos, em contraposição aos calorosos latinos. Enquanto o protagonista tem uma família unida, a mocinha é solitária desde a morte da mãe e o sumiço do pai. É na família Reyes que ela encontra afeto. “Tive a sorte de o meu primeiro projeto lá fora ser feito para a comunidade latina e produzido por latinos. Me senti em casa”, relatou Bruna, no ano passado.
Funko Pop! Filmes – Besouro azul
Lançada na TV aos 5 anos em programas infantis da Globo e alçada a estrela nacional com a Salete da novela Mulheres Apaixonadas (2003), a atriz de 28 anos dá, inegavelmente, um salto na carreira ao dividir o protagonismo de uma produção da DC. Se outros brasileiros precisaram galgar pontas menores para serem notados, como Rodrigo Santoro em As Panteras Detonando (2003) — seu personagem nem falas tinha —, Bruna encurtou caminhos aparentemente por falar inglês de forma fluente, graças à formação em uma escola americana no Rio e à preparação no exterior. Conquistou o papel em Besouro Azul após perder a vaga de Supergirl no filme The Flash para a americana Sasha Calle. Ironicamente, o filme de Ezra Muller fracassou nas bilheterias, e Besouro Azul tem a chance (a conferir) de ser o maior lançamento de super-heróis de 2023.
A festa da atriz — que ficou marcada por ter namorado Neymar — só foi ofuscada pela greve dos atores de Hollywood, que a impediu de promover o filme nas maratonas rotineiras da indústria. Mas ela pode voltar à vitrine global caso uma série produzida por Keanu Reeves saia da gaveta da Netflix. No que depender de Besouro Azul, o sangue latino veio para ficar.
Publicado em VEJA de 18 de agosto de 2023, edição nº 2855
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