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Em Cartaz

Por Raquel Carneiro
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‘Argentina, 1985’ traz lição dos ‘hermanos’ à gritaria pró-golpe no Brasil

Filme com Ricardo Darín retrata o julgamento dos generais do regime militar argentino – acerto de contas que fez falta ao Brasil

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 nov 2022, 17h27 - Publicado em 7 nov 2022, 16h44

Luis Moreno Ocampo é um jovem advogado argentino de uma família tradicional, a qual mantém laços estreitos com representantes do exército do país – sua mãe, aliás, frequenta a mesma igreja que um respeitadíssimo general da alta cúpula do regime que governou a Argentina entre 1976 e 1983. Logo, é estranho que Ocampo se envolva como promotor-adjunto do julgamento que acusa os militares de abuso de poder durante o período ditatorial. O advogado, porém, não é um rebelde sem causa e contrário aos militares. Ciente de que as leis existem e devem ser cumpridas, Ocampo tem convicção de que ninguém está acima de tudo e de todos, inclusive os poderosos generais. A certeza lhe custa caro: laços familiares são rompidos e o medo de represália o assombra em uma democracia que ainda engatinha. 

O julgamento histórico, que aconteceu em 1985, é retratado com pitadas exatas de drama, humor e suspense no filme Argentina,1985, disponível no Prime Video, da Amazon. Ocampo e Julio Strassera, promotor responsável pelo caso, são os protagonistas do drama de tribunal, interpretados, respectivamente, por Peter Lanzani e Ricardo Darín. Eleita pela Argentina para tentar uma vaga no Oscar 2023, a produção vem provocando sentimentos variados nos brasileiros. O filme  havia acabado de chegar à plataforma quando o Brasil assistia à apertada eleição entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A derrota de Bolsonaro foi indigesta para parte de seu eleitorado, que, desde então, vem causando tumulto nas rodovias do país pedindo por um novo golpe militar. 

Ao contrário da Argentina, o Brasil não levou os militares que governaram o país, entre 1964 e 1985, ao banco dos réus. Por aqui, a anistia política geral se estendeu de exilados a generais, deixando feridas abertas e um sentimento errôneo de que foi um período de paz e prosperidade — ideia estabelecida pela falta de informação da época, quando a imprensa era censurada e havia uma repressão violenta contra a liberdade de expressão. Na Argentina, pairava o mesmo clima, sentimento representado pela família de Ocampo — a mãe do advogado tinha vergonha do filho por estar do lado oposto ao do exército. Isso até que centenas de vítimas foram ouvidas no tribunal, no julgamento que foi transmitido pelo rádio. Ao expor os atos hediondos cometidos pelos militares, como tortura e assassinato — métodos camuflados por um discurso ideológico vazio —, o país vizinho expôs a sujeira embaixo do tapete e abriu um precedente mundial, criminalizando os generais que não deram às vítimas o direito de um julgamento honesto. Ao contrário deles, que tiveram a chance de se defender diante de uma corte e cumpriram a pena imposta perante a lei. Um direito que não pode, nunca, ser considerado um luxo.

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