A resposta inusitada do diretor de ‘Napoleão’ às críticas de historiadores
Filme de Ridley Scott retrata (com liberdade criativa) a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder e seu casamento turbulento com Josefina
O diretor Ridley Scott não é estranho aos épicos históricos, tendo encabeçado clássicos da virada do milênio como Gladiador e 1492: A Conquista do Paraíso. Sua próxima empreitada no cânone do passado, porém, parece ter irritado mais historiadores do que o normal. Napoleão, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 23 de novembro, já foi exibido em outras partes do globo e tem sido alvo de críticas que acusam a história de ser pouco comprometida à veracidade dos fatos. Quando questionado sobre tais comentários pela BBC, o diretor afirmou: “Quer mesmo que eu responda isso? Vou ter que usar um palavrão”. Em seguida, soltou o inusitado questionamento: “Eles [historiadores] estavam lá pra saber como foi? Não, né? Então como garantem que estou errado”.
Napoleão retrata a ascensão de sua figura central ao posto de imperador da França, intercalando cenas gigantescas de ação com momentos íntimos entre ele e sua esposa Josephine, com quem nutria uma relação obsessiva. Apesar de bem recebido por críticos britânicos e americanos, o longa encontrou espectadores pouco flexíveis na França. Por lá, o jornal Le Figaro disse que o filme deveria ser chamado de “Barbie e Ken sob o Império”, enquanto a GQ do país o caracterizou como “profundamente desengonçado, inorgânico e acidentalmente engraçado”. Já Patrice Gueniffey, historiador e biógrafo de Napoleão Bonaparte, afirmou na revista Le Point que o filme é uma “revisão histórica muito anti-França e pró-Inglaterra”.
Para Scott, o furor francófono é esperado: “Nem os franceses gostam de si. Quando exibi o filme em Paris, o público da sala amou”. Já em entrevista ao The Times, o cineasta reafirmou que seu interesse dramatúrgico excede a preocupação com os fatos. Questionado sobre uma cena em que o imperador bombardeia pirâmides, Scott afirma: “Não sei se ele fez isso mesmo, mas era um jeito rápido de mostrar que ele conquistou o Egito”. Já para a revista The New Yorker, ele foi breve ao dizer que qualquer um buscando falácias históricas no filme deve “arranjar uma vida” — no Brasil, o equivalente a “vai arranjar uma louça para lavar”, em bom português.
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