‘A Paixão de Cristo’: 4 curiosidades macabras sobre o clássico de Páscoa
De raio no set à acusação de antissemitismo, filme de Mel Gibson tem fama persistente, mas também coleciona polêmicas
Clássico da programação televisiva durante a Páscoa, A Paixão de Cristo, de 2004, se tornou uma das mais populares adaptações bíblicas da crucificação de Cristo para o cinema. Dirigido por Mel Gibson, o longa acompanha as últimas doze horas da vida de Jesus antes de sua crucificação, a partir dos registros do Novo Testamento. Apesar de sua fama persistente, a produção também coleciona controvérsias. Confira algumas curiosidades macabras do filme:
O martírio de Jim Caviezel — que foi até atingido por um raio
Ao incorporar Jesus Cristo, o americano Jim Caviezel experienciou uma verdadeira provação. Além de uma preparação dedicada, que envolveu aprender a falar aramaico, latim e hebraico, o ator acabou se machucando algumas vezes durante as filmagens: deslocou o ombro ao carregar a cruz, foi atingido por chicotadas — resultando em uma ferida de 35 centímetros –, teve enxaquecas, hipotermia e pneumonia. Devido a alertas médicos, Mel Gibson chegou a sugerir que o processo fosse menos bruto, mas o ator teria desejado seguir em frente. Para completar a lista, Caviezel foi atingido por um raio, mas não se feriu.
Críticas à violência excessiva
Apesar do sucesso nas bilheterias, o filme também foi recebido com duras críticas. Apesar de se ater às descrições dolorosas sobre a crucificação de Jesus, muitos opinam que o filme é excessivo ao exibir uma violência tão realista, e que a espetacularização da tragédia teria desviado o foco da mensagem sobre o sacrifício divino. Há, ainda, histórias de pessoas que, impressionadas, teriam morrido assistindo ao filme: no Brasil, um pastor de 43 anos teve um ataque cardíaco em uma exibição em Belo Horizonte. Apesar da especulação, a família do falecido alegou na época que o momento da morte teria sido uma coincidência.
Mais que um papel, um chamado
Depois de encenar o martírio sofrido por Jesus, Jim Caviezel relata que sentiu uma espécie de chamado. Conforme contou em entrevistas, ele teria percebido ao longo da produção que sua chance de atuar no papel não se tratava apenas de um trabalho, mas de um convite divino para se aproximar da figura de Cristo. Como resultado, Caviezel se tornou palestrante religioso. O ator também afirma que Gibson o alertou de que, se aceitasse o papel, ele nunca mais trabalharia em Hollywood — Caviezel, de fato, não teve outros grandes papéis desde então. Nos últimos anos, o ator ressurgiu nos holofotes por algumas declarações polêmicas, ligadas aos ideais conservadores e conspiracionistas da extrema-direita.
Acusações de antissemitismo
A principal polêmica ligada ao filme é a acusação de seu teor antissemita. Críticos e espectadores apontam que a narrativa de Gibson representa erroneamente os judeus como os grandes culpados pela trajetória angustiante de Jesus, cúmplices da crucificação. Na época da estreia, grupos da comunidade judaica tentaram boicotar o longa, alegando que o filme reforçaria a hostilidade contra os judeus ao redor do mundo. Gibson, católico devotado, discordava. Questionado em uma entrevista se o filme poderia irritar os judeus, disse: “Pode ser. O objetivo não é esse. O objetivo é apenas contar a verdade”. Ao longo dos anos, o diretor vem colecionando declarações de tom preconceituoso que repercutem na mídia.