A ironia da vitória de Mikey Madison contra Demi Moore e Fernanda
Aos 25 anos, atriz de 'Anora' levou a melhor na disputa com as veteranas

Não foi dessa vez. Fernanda Torres perdeu o Oscar de melhor atriz para Mikey Madison, de Anora, que superou ainda a então favorita Demi Moore, pelo filme A Substância. A categoria era considerada a mais apertada do prêmio este ano. Também disputavam o troféu as atrizes Cynthia Erivo, por Wicked e Karla Sofia Gascón, por Emilia Pérez. Aos 25 anos, Mikey é considerada uma revelação de Hollywood. Antes de Anora, ela encarou papéis menores, como na saga de terror Pânico.
A atuação de Mikey, de fato, é primorosa, mas sua vitória no Oscar parecia distante. Ao levar o prêmio e desbancar Demi Moore, ela atestou uma ironia do filme pelo qual a veterana concorria: em A Substância, Demi interpreta uma mulher que, aos 50 anos de idade, é tratada como digna de aposentadoria. Por isso, ela opta por um procedimento extremo para rejuvenescer — ou pior, fazer com que saia dela uma versão mais jovem e melhorada. A história refletia, em partes, a jornada da própria Demi, esquecida por Hollywood nos últimos anos — a atriz tem, na vida real, 62 anos. Fernanda Torres tem 59 anos, e tudo indicava que seria uma disputa acirrada entre as duas veteranas. Mas, por fim, a novinha foi quem levou a melhor.
A trajetória de Fernanda até o Oscar
Fernanda foi indicada ao Oscar por sua atuação no filme Ainda Estou Aqui, se tornando a segunda brasileira a disputar o prêmio — antes, apenas a mãe dela, Fernanda Montenegro, havia sido indicada por Central do Brasil. No drama de Walter Salles, ela interpreta Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, que foi assassinado por agentes da ditadura militar em 1971. A forte carga dramática do papel atestou o talento versátil de Fernanda, que nos últimos anos se consagrou no âmbito da comédia com as séries Os Normais e Tapas e Beijos, da Globo. A atriz chamou a atenção da Academia de Hollywood — e de toda a indústria cinematográfica — ao conquistar o Globo de Ouro em janeiro, prêmio que fez com que o filme nacional também fosse mais visto e ganhasse projeção nos Estados Unidos e na Europa.