A franquia de filmes milionária que lucra com o maior medo da fé cristã
‘Deixados para Trás’ ganha mais uma adaptação nos cinemas ao acompanhar o arrebatamento, evento bíblico que precede o apocalipse
Em um dia qualquer, de repente, milhões de pessoas no mundo simplesmente desaparecem. O caos é instantâneo. Governos tentam entender o que está acontecendo. As igrejas cristãs, porém, sabem bem do que se trata: o prometido arrebatamento bíblico finalmente se cumpriu. Parte especialmente da cultura evangélica, o evento que promete separar justos de injustos – levando os fiéis para outro plano, enquanto o mundo vira uma distopia pré-apocalipse – se tornou uma franquia bastante rentável em Hollywood, que acaba de ganhar um novo filme nos cinemas, Deixados para Trás: O Início do Fim, em cartaz.
Ao tocar em um dos grandes medos da fé cristã – no caso, o de ser deixado para trás no arrebatamento –, a saga vem somando números de bilheteria consideráveis. Nos Estados Unidos, único país onde o longa estreou até o momento, foram mais de 3 milhões de dólares arrecadados – o filme anterior, estrelado por Nicolas Cage, passou de 27 milhões no mundo.
Amparado por uma série de livros americanos dos anos 90, o filme é a sexta adaptação da saga Deixados para Trás. Nas primeiras, iniciadas em 2000, o tom de terror era predominante: mães acordam e descobrem que seus filhos sumiram, aviões perdem seus pilotos e caem pelo planeta – caos seguido da chegada da figura sinistra do Anticristo. Em concordância com o mundo de hoje, o novo filme tem uma pegada de thriller de ação, envolvendo fake news e planos políticos econômicos associados ao evento religioso. A produção serve ainda como uma espécie de sequência para o reboot que ressuscitou a franquia em 2014, nomeado no Brasil de O Apocalipse, com Nicolas Cage no elenco. O longa com o astro de Hollywood nem parecia de fato religioso, atraindo um público variado. Mas o tom de pregação voltou com força no novo filme, protagonizado por Kevin Sorbo. Ao que tudo indica, a saga quer deixar claro quem é seu público- alvo: aqueles que já conhecem e temem a mensagem — mas ainda pagam para ver um novo alerta nas salas de cinema.