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Educação em evidência

Por João Batista Oliveira Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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A escola faz diferença no resultado dos alunos?

Não é fácil para a escola fazer diferença. E a maioria delas não faz. Mas o que significa fazer diferença? Confira na coluna Educação em Evidência.

Por Da Redação Atualizado em 31 jul 2020, 00h01 - Publicado em 26 nov 2015, 13h48

No texto anterior desta coluna, abordei o papel das evidências para a qualidade da educação e destaquei pesquisas mostradas no livro “Educação Baseada em Evidências: como saber o que funciona em Educação”, lançado pelo Instituto Alfa e Beto no início deste mês. A publicação coloca uma pergunta pertinente, a mesma que reproduzo no título: a escola faz diferença no resultado dos alunos? A resposta é afirmativa, mas precisa ser bem qualificada. Não é fácil para a escola fazer diferença. E a maioria delas não faz.  Mas o que significa fazer diferença?

Os primeiros estudos sobre o impacto da escola na vida dos estudantes surgiram na década de 1960, com pesquisas sobretudo dos Estados Unidos e Reino Unido, pioneiros em estudos sobre o tema. Elas demonstravam, com sólidos dados quantitativos, que a origem familiar explica mais da metade da variabilidade dos resultados dos alunos na escola.

Dentre esses estudos, destaca-se o relatório Coleman, de 1966, que trazia uma visão pessimista marcada pela premissa de que “escolas não são uma instituição efetiva na redistribuição dos recursos da sociedade”. A visão pessimista começou a mudar na década de 1980, a partir da reanálise e publicação de pesquisas que indicavam efeitos constantemente positivos entre os fatores intraescolares e os resultados dos estudantes.

De fato, mesmo hoje, os estudos mostram que o fator escola não é responsável por mais do que 25% dos resultados dos alunos. Ou seja, o resultado dos aluno se deve mais à estrutura familiar e ao nível socioeconômico do que ao fato de a criança ir ou não a uma determinada escola. Isso continua sendo verdade nos países mais industrializados e desenvolvidos.

Em países menos desenvolvidos e em regiões mais pobres, o impacto real da instituição escolar no desempenho dos estudantes pode ser maior,  e assim, a escola pode ser responsável por parcela importante dos resultados em avaliações de nível de aprendizado. Por que isso acontece?

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Uma das razões é que em países mais desenvolvidos o mesmo padrão de infraestrutura e professores com qualificação mínima exigida pode ser encontrado na maioria das escolas. As escolas são, assim, mais homogêneas e, por isso, grande parte da explicação das diferenças dos resultados dos estudantes deve-se à origem familiar e não à escola em que estão estudando. Já nos países em desenvolvimento, os recursos escolares estão distribuídos de forma muito heterogênea, há enorme diferença entre a qualidade do ensino.

Em algumas escolas, a infraestrutura é excelente, enquanto em outras faltam condições básicas, como banheiros e mobiliário. Algumas contam com um corpo docente altamente qualificado, enquanto outras não. Também varia muito a qualidade da gestão.  Nesses casos, não importa apenas a origem familiar, como também em qual escola se estuda.

O Brasil se encontra, infelizmente, entre os países que permitem que essa heterogeneidade da qualidade escolar afete negativamente o desempenho dos alunos, especialmente aqueles cujo desempenho dependeria mais de uma escola de qualidade. Aqui, a qualidade das escolas faz, sim, muita diferença. Mais que isso: o que acontece dentro da escola faz ainda mais diferença. E é sobre esses fatores internos das escolas que tratarei no próximo texto.

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Por ora, finalizo com uma reflexão presente no livro “Educação Baseada em Evidências: como saber o que funciona em Educação”, onde é possível encontrar mais informações sobre os efeitos da escola e da sociedade nos resultados dos alunos.

“Decisões políticas sobre reduzir as desigualdades entre as escolas e focalizar os grupos sociais em desvantagem teriam impacto na redução das diferenças de resultados, ou seja, aumentariam a equidade. Muitos países estão implementando políticas nesse sentido. Algumas dessas políticas tiveram resultados positivos, mas, infelizmente, existe uma desigualdade persistente de resultados entre os grupos sociais. Políticas sociais combinadas com políticas educativas são o caminho para promover mudanças, especialmente nos países menos desenvolvidos.”

 

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O objetivo desta coluna é suscitar o debate e enriquecer a discussão sobre educação. Participe enviando comentários e questionamentos. Para acessar os textos anteriores, clique aqui.

 

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