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É Tudo História

Por Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O que é fato e ficção em filmes e séries baseados em casos reais

O estranho caso do sequestro do cadáver de Eva Perón

Série 'Santa Evita' acompanha a trajetória da ex-primeira-dama da Argentina, durante a vida e até na morte. Confira o que é ficção na produção do Star+

Por Marcelo Canquerino Atualizado em 3 ago 2022, 19h07 - Publicado em 3 ago 2022, 09h00

No dia 26 de julho de 1952 morreu a ex-primeira-dama Eva Perón, uma das figuras mais importantes da história da Argentina. Vítima de um câncer de colo do útero, Evita, como ficou conhecida, continuou causando controvérsias mesmo depois da morte. Seu cadáver enfrentou uma odisseia macabra após ser sequestrado por militares na esteira da deposição de seu marido, o ex-presidente Juan Domingo Perón (1895-1974), em 1955. Esta história é retratada com pitadas de ficção em Santa Evitanova série da plataforma de streaming Star+.

Baseada no livro homônimo do escritor Tomás Eloy Martínez, a série utiliza elementos ficcionais para provocar o espectador. Na vida real, Evita foi embalsamada para que posteriormente seu corpo fosse exposto em um mausoléu maior do que a Estátua da Liberdade. A construção do monumento nunca saiu do papel e, após Perón ser deposto, em 1955, o cadáver foi sequestrado pelos militares que temiam que a múmia de Evita se tornasse símbolo de resistência entre os peronistas. A série segue com a mesma história, mas acrescenta um elemento curioso: a produção de cópias de cera do corpo de Evita. Segundo o autor do livro, esse elemento ficcional foi adicionado para que o Coronel Moori Koenig, responsável pelo sequestro na vida real, ficasse cada vez mais louco ao longo da narrativa.

O resto da trajetória assustadora do cadáver de Evita na série é parecida com o que de fato aconteceu. O Coronel Koening desenvolveu uma obsessão bizarra pela ex-primeira-dama, chegando a cometer atos de necrofilia. Quando o general superior que comandava a Argentina na época descobriu que o militar não deu fim ao corpo, como lhe foi designado, ele tomou as rédeas da situação e, com ajuda da Igreja Católica, mandou Eva Perón para a Itália, onde ela foi enterrada sob um nome falso, em 1957. Foi só em 1971, com a morte do general, que o cadáver foi devolvido a Juan Perón, exilado em Madrid, e apenas em 1976 que o corpo descansou em paz na Argentina, no Cemitério da Recoleta — onde jaz até hoje a 6 metros de profundidade da terra, enquanto turistas visitam seu mausoléu.

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