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A tecnologia perigosa e os caçadores de tornado que inspiraram ‘Twister’

Trama de 1996 que acaba de ganhar um remake bebeu da fonte de cientistas americanos que almejavam colocar sensores nos gigantes velozes

Por Amanda Capuano Atualizado em 15 jul 2024, 16h57 - Publicado em 15 jul 2024, 16h24

Em 1996, Twister chegou aos cinemas com uma trama digna de ficção científica: na história original — que ganhou um remake atualizado, Twisters (agora no plural), lançado nos cinemas na quinta-feira, 11, — uma trupe liderada pelos personagens de Helen Hunt e Bill Paxton almejava desenvolver um sistema de alerta climático mais eficiente, dando tempo hábil às pessoas para fugir de tempestades e furacões. Para isso, tomam uma decisão arriscada — pra não dizer maluca: ao invés de fugir do tornado, correriam atrás dele, afim de captar o maior número de informações possíveis sobre o fenômeno. Mas a ideia insana não surgiu do nada: foi inspirada no trabalho de cientistas do Laboratório Nacional de Tempestades Severas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica americana, os “caçadores de furacão” da vida real.

Protagonizada por Daisy Edgar-Jones e Glen Powell — e dirigido pelo cineasta Lee Isaac Chun — a nova versão do blockbuster clássico também não fugiu à inspiração: “Fomos acompanhados por cientistas que estudam e caçam tornados”, contou Chung a VEJA. “Toda a parte visual é fiel ao que eles já registraram. Não posso nem quero reinventar as regras da natureza”, atestou o diretor sobre o filme, que reflete as preocupações atuais com as mudanças climáticas e o aquecimento global.

A tecnologia real por trás de Twisters

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Da esquerda para a direita: Dorothy, DOT3 e o verídico TOTO, que inspirou as máquinas do longa (NOAA National Severe Storms Laboratory/Divulgação)

Criado na década de 1970, o laboratório surgiu com o objetivo de coletar dados meteorológicos de dentro de um tornado. Para isso, os pesquisadores criaram o Observatório de Tornados TOtable (TOTO). Nomeado em homenagem ao cachorrinho de Dorothy no filme O Mágico de Oz — que voa com ela para outro mundo durante um tornado –, o equipamento era uma espécie equipado com sensores meteorológicos que captariam informações de dentro da tempestade. Para utilizá-lo, era preciso colocá-lo na caçamba de um caminhão e partir em busca do furacão, assim como no filme.

No filme de 1996, Dorothy — seguindo a mesma temática de batismo original, inspirado nos personagens do Mágico de Oz — era um barril semelhante ao TOTO, projetado para liberar centenas de sensores no centro de um tornado e enviar os dados de volta aos pesquisadores do clima. Para incrementar o enredo, uma equipe concorrente de caçadores de tempestades também estava em busca de desenvolver um dispositivo semelhante, chamado DOT 3” — os três modelos, aliás, estão em exposição do Centro Nacional do Clima em Normal, Oklahoma.

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Que fim levou o TOTO?

Durante as décadas de 1970 e 1980, diversos cientistas tentaram implantar o TOTO da maneira ideal, mas nunca foram bem sucedidos — isso porque, era preciso estar extremamente perto do fenômeno, e posicionar o equipamento de maneira certeira para obter bons resultados. Assim, os cientistas corriam o risco de serem levados pelo tornado, ou atingidos por um raio atraído pelo metal do equipamento.

Diante do perigo, e sem um impacto significativo, o TOTO foi aposentado em 1987 — mas não sem antes inspirar os roteiristas Michael Crichton e Ann Marie Martin a desenvolver uma história em torno de uma tecnologia semelhante. Hoje, pesquisadores de tornados têm instrumentos mais sofisticados, que permitem a captação de dados sem que o risco seja tão elevado. 

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