A assustadora história real por trás de ‘O Enfermeiro da Noite’
Filme da Netflix mostra como um homem conseguiu matar diversas pessoas em diferentes hospitais
Charles Cullen parecia um bom profissional quando foi contratado por um hospital em New Jersey, na Pennsylvania, nos Estados Unidos. Isso até ele se tornar o principal suspeito quando pacientes aleatórios começaram a morrer sem explicação plausível. A história é contada em O Enfermeiro da Noite, filme da Netflix que ocupa o topo do ranking de mais vistos no país, protagonizado por Jessica Chastain e Eddie Redmayne. A produção foi baseada no livro de mesmo nome de Charles Graeber, lançado no Brasil pela editora Intrínseca este ano. Confira a seguir o que é fato e o que é ficção na trama.
Amizade entre colegas de profissão
Quando Charlie (vivido por Eddie Redmayne) surge no hospital, Amy (interpretada por Jessica Chastain) sente o alívio de um colega de trabalho que vai aliviar seu turno puxado nas madrugadas. Os dois se tornaram amigos, o que de fato aconteceu na vida real. “Ele era divertido. Logo nos entendemos e viramos amigos”, disse ela em entrevista. Como mostra o filme, Amy tinha um problema cardíaco e Charlie a ajudava em relação à condição quando necessário. O filme, porém, vai além da vida real e acentua a relação entre os dois na ficção ao colocar Charlie dentro da casa de Amy, interagindo com as duas filhas dela.
Método de ação e investigação
Ao longo de 16 anos, Charles trabalhou em nove hospitais na região, até ser preso em 2003, quando confessou o crime. Seu método de matar era quase imperceptível. Ele adicionava às bolsas de soro fisiológico medicações como insulina e digoxina, fármacos que, quando administrados sem prescrição, se tornavam fatais. O filme revela que, o mais chocante, foi o modo como os hospitais lidaram com a situação. Privadas, as instituições tinham medo de serem processadas pelas mortes. Logo, em vez de dar início a investigações, os hospitais simplesmente demitiram Charles sem dar explicações ou alertar quem o contratava em seguida. Como mostra o filme, dois detetives conseguiram arrancar uma confissão do enfermeiro, com a ajuda de Amy.
Motivação
Charles nunca ofereceu uma motivação convincente para seus crimes. Ele teria dito que teve piedade de alguns pacientes e, por isso, quis acelerar o fim para acabar com o sofrimento deles. A maioria de suas vítimas, porém, não estava em estado grave. O passado do enfermeiro, então, passou a ser destrinchado. Charlie perdeu o pai quando tinha apenas sete meses de vida. Ele foi criado em condições precárias pela mãe e sofreu bullying na escola. Quando ele era adolescente, sua mãe morreu ao perder o controle do carro após um ataque de epilepsia. Charlie, então, tentou suicídio, foi internado numa clinica psiquiatrica, e, depois, deixou a escola e se alistou no exército. Ele ficou seis anos na marinha, período no qual também sofreu bullying, foi transferido algumas vezes e, por fim, internado numa ala psiquiátrica militar. Depois, ele fez um curso de enfermagem. Charles foi condenado pela morte de 29 pessoas, mas estima-se que o número de vítimas possa chegar a 400.