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Dúvidas Universais

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Se raça não existe, por que políticos adoram falar disso?

Nunca ninguém conseguiu dividir a humanidade em raças

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 22h09 - Publicado em 7 ago 2016, 19h22

Nunca ninguém conseguiu dividir a humanidade em raças. À medida em que mais atributos passaram a ser considerados (como cor de pele, altura, tipo de cabelo), mais categorias os etnólogos tiveram de inventar. Os esquemas já foram de três raças até 38, segundo o livro Uma Gota de Sangue, de Demétrio Magnoli (Contexto).

Depois da II Guerra e das milhões de mortes causadas pela tentativa nazista de se criar uma raça ariana pura, a Unesco reuniu sociólogos e antropólogos. O relatório final desse encontro, publicado em 1950, foi revisado por cientistas do mundo todo. No texto, afirma-se que raça não é um fato biológico, e sim um mito social que só existe “na cabeça dos homens”. Segue um trecho:

“Para muitos, uma raça é um grupo que as pessoas decidem chamar de raça. Então, muitos grupos nacionais, religiosos, geográficos, linguísticos ou culturais têm sido chamados de ‘raça’, quando obviamente americanos não são uma raça, nem os ingleses, nem os franceses, nem nenhum grupo nacional. Católicos, protestantes, muçulmanos e judeus não são raças. Nem grupos que falam inglês ou outra língua podem ser definidos como raça, pessoas que vivem na Islândia ou na Inglaterra ou na Índia não são raças, nem pessoas que são culturalmente turcas ou chinesas devem ser definidas como raças.”

Desde então, a Ciência só confirmou o texto da Unesco. No final do século XX, o sequenciamento do código de genético evidenciou que as diferenças entre o DNA de pessoas consideradas de uma mesma raça podem ser maiores do que as disparidades entre indivíduos de grupos diferentes.

Traduzindo: geneticamente, pode haver mais diferenças entre dois sudaneses do que entre o de um sudanês e um italiano. 

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As descobertas científicas mostraram ainda que nada se pode deduzir a partir das características visuais de uma pessoa. Descendentes de escravos negros, por exemplo, podem não ter características consideradas como africanas: cabelo crespo, tez morena ou nariz largo.

Mais da metade dos brasileiros que se dizem pretos descendem de europeus pelo lado materno, segundo artigo do geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na VEJA. Além disso, dois de cada três brasileiros que se dizem brancos são afrodescendentes ou ameríndio-descendentes pelo lado da mãe. “No Brasil, há milhões de descendentes de escravos africanos, mas eles podem ser tanto brancos, negros ou pardos”, diz ele.

Na impossibilidade de saber qual seria a raça de uma pessoa apenas olhando para ela, os funcionários dos censos perguntam qual é a raça de forma aberta, sem dar opções. Vale o que a pessoa responder. Qualquer coisa. Era assim que a coisa funcionava também para os candidatos a cotas raciais em cargos públicos.

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No Brasil, não resta dúvida de que existe racismo. Pessoas que possuem traços de africanos, como nariz maior ou o tom de pele escuro, são hostilizadas pelos demais. Não raro, brasileiros com um pouco de sangue africano discriminam outros por parecerem mais negros que eles. Desde 1989, uma lei considera o racismo como crime inafiançável.

O problema é quando alguém tenta ligar as vítimas do racismo com a ideia de raça e, a partir daí, exigir uma reparação histórica por causa da escravidão. Segundo a Ciência, tal correlação é impossível.  Não se pode categorizar seres humanos somente olhando para eles e buscar uma história comum.

Para os que estão nesta luta, há um cálculo político. Ao convencer muitas pessoas de que pertencem a uma raça específica, políticos podem se autoproclamar seus legítimos representantes. No poder, eles se esforçam em distribuir benefícios para os que lhe deram votos. Assim, acumulam ainda mais força.

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O passado de miscigenação no Brasil faz com que a identificação racial tenha sido historicamente fraca, embora isso hoje esteja em ascensão graças a medidas governamentais e a militância de ONGs.

Nos Estados Unidos, a diferenciação racial é bem mais presente. O presidente americano Barack Obama, filho de uma mulher branca do Kansas, amealhou 82% dos votos dos que se consideravam negros na sua primeira eleição, em 2008.

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