Por que os cubanos não trocam presentes no Natal?
Desde 1959, o país foi declarado ateu e cubanos perderam os costumes
Assim que o grupo de Fidel Castro tomou o controle da Revolução Comunista de 1959, Cuba foi declarada um país ateu. Escolas religiosas foram fechadas, igrejas foram vandalizadas, procissões foram proibidas, padres e freiras foram deportados ou presos.
Assim como outros que estavam na esfera de influência da União Soviética. As religiões eram consideradas o “ópio do povo” e deviam ser eliminadas.
Ao mesmo tempo, todos os feriados religiosos de Cuba foram abolidos. Na maior cara de pau, em 1969, o ditador Fidel Castro eliminou o Natal sob a justificativa de que a festa atrapalhava a colheita de açúcar.
Famílias cristãs, então, tiveram de começar a celebrar o nascimento de Jesus de forma escondida. Se fossem flagrados por um integrante do Comitê de Defesa da Revolução (CDR), poderiam enfrentar duras punições.
No lugar das datas religiosas, foram criados feriados para celebrar a ditadura de Fidel e Raúl Castro. São reservados três dias de folga para lembrar do assalto ao Quartel de Moncada, que ocorreu em 1953. A vitória da Revolução Cubana de 1959 é lembrada no dia 1 de janeiro. No dia seguinte, é feriado do dia das Forças Armadas. Há também o Dia dos Trabalhadores e o Dia da Independência.
Somente em 1998, com a visita do papa João Paulo II para a ilha, o Natal passou a ser reconhecido e ganhou um feriado.
Apesar da empolgação de alguns padres locais, os cubanos perderam muitos dos costumes. Fazem apenas um jantar familiar na noite do dia 24. O cardápio é igual de outros dias, geralmente com carne de porco. E nenhum presente. A pobreza dos cubanos tampouco permitiria um luxo como esse. No dia 25 não há nada especial.
Árvores de Natal são mais comuns nas embaixadas e nos estabelecimentos para turistas. “Algumas lojas colocam decorações de Natal no início de dezembro, muitas vezes com alguns slogans políticos e imagens de Fidel Castro“, diz o escritor e fotógrafo cubano Orlando Luiz Pardo Lazo, que estuda literatura em Saint Louis, nos Estados Unidos.
Em 2012, o papa Benedito XVI também esteve na ilha. Com isso, a Igreja Católica ganhou mais um feriado, a Páscoa. Contudo, todas as tentativas de recuperar alguma tradição acabam frustradas. Quase sessenta anos após a revolução, a população perdeu a memória dos costumes que existiam antes.