![O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, durante a CPI da Covid -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/51160149093_7d282248d1_k.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram muito claro em seus depoimentos à CPI da Covid que o presidente Jair Bolsonaro não os via nem os tratava como titulares da pasta da Saúde. Queria, antes, que se comportassem como meros fantoches.
Eduardo Pazuello cumpriu à risca esse papel, Marcelo Queiroga ainda está em fase de estágio probatório, mas os dois antecessores deixaram os cargos quando ficou patente que a ideia de Bolsonaro era usá-los como fachada enquanto seguia as orientações de seu grupo de assessoramento paralelo sempre disposto a dizer o que ele queria ouvir.
Mandetta e Teich listaram o rol de motivações que os afastaram do governo mostrando, com isso, o que consideram os erros mais graves cometidos na gestão da pandemia: ausência de liderança e coordenação nacionais, defesa do uso de medicamentos sem eficácia comprovada, aposta na chamada imunidade de rebanho em contraposição ao isolamento social e falta de foco no planejamento para aquisição de vacinas.
Ambos foram coerentes e complementares, cada qual ao seu estilo: Mandetta aliando o conhecimento médico ao traquejo político e Teich sendo exclusivamente técnico. Nenhum deles imputou crimes ao presidente, mas os dois fizeram relatos substantivos o suficiente para que se enxergue com nitidez a responsabilidade do chefe da Nação pelo rumo trágico da crise sanitária no Brasil.