Pode-se discordar dos métodos, dos propósitos, das atitudes e das palavras do jornalista Glenn Greenwald, do site Intercept Brasil, mas não se pode aceitar que o Ministério Público denuncie uma pessoa contra a qual não há sequer uma investigação.
O procurador Wellington Oliveira, de Brasília, incluiu Greenwald no rol dos acusados de roubar mensagens dos celulares de várias autoridades, sendo a mais notória o ministro da Justiça, Sergio Moro, contrariando decisões opostas às de um delegado da Polícia Federal e de um ministro do Supremo que o haviam isentado de culpa na participação do delito.
O procurador resolveu por sua conta e risco entender diferente. Se a ideia dele era atuar como vingador de Moro, deu-se mal. A denúncia não irá adiante, serviu para despertar uma onda de solidariedade ao jornalista, uma reação forte em defesa do preceito da liberdade de imprensa e ainda feriu gravemente a reputação do Ministério Público como instância defensora da sociedade.
Mais uma para a coleção de tiros no pé dos adeptos do voluntarismo travestido de rigor legalista.