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Crônicas de Peso

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O cirurgião bariátrico e pesquisador na área de obesidade Cid Pitombo reflete, em seus textos, sobre alimentação, movimento, ganho... e perda de peso

O que a história bíblica do rico e de Lázaro ensina sobre a medicina

Assim como na parábola contada por Jesus, a indiferença deve ser evitada por todos aqueles que decidem se tornar médicos

Por Cid Pitombo
Atualizado em 30 set 2025, 17h11 - Publicado em 30 set 2025, 15h00

Hoje comemoro o 1º ano escrevendo para vocês as Crônicas de Peso. Obrigado por estarem aqui. A ideia é levá-los ao universo fictício dos filmes, fábulas e contos misturados à séria e, às vezes, triste realidade da medicina, para tornar tudo mais ameno.

Em comemoração a isso, e por hoje ser o dia da Bíblia, resolvi escrever sobre uma famosa passagem do Evangelho, segundo Lucas 16:19-31: O rico e Lázaro. Como sabem, sou de uma família muito católica, mas essa parábola nos remete a algo além de qualquer religião: a indiferença, a soberba.

Nessa história bíblica, Lázaro, um mendigo pobre e doente, vive nas proximidades de um rico comerciante que ostenta luxo, roupas caras, fartura de comida e festas esplêndidas. Apesar do Lázaro estar deitado à porta do rico, desejando as migalhas que caíam da mesa, ele nunca era visto. Nessa parábola, a riqueza não é apresentada como pecado. Não há nenhum problema com a pessoa enriquecer, prosperar e usufruir do seu sucesso. O pecado está na indiferença, na falta de compaixão. Certo dia, ambos morrem. Lázaro vai para um lugar de consolo e o rico vai para um lugar de tormento. Para os que creem, ser pecador não remete somente a fazermos algo errado. O pecado pode estar, também, em não termos atitude.

Essa parábola não é só antiga, é profundamente atual: há muitos Lázaros em nosso mundo que padecem ignorados pela sociedade, como também muitos ricos que poderiam fazer algo pelos outros, mas fecham os olhos.

Ao idealizarmos a profissão de médico, deveríamos priorizar atitudes antes de nos deixar envolver pelo dinheiro, o glamour e a fama. Na verdade, esse deveria ser o pensamento para qualquer destino escolhido por nós. Mas a medicina envolve algo diferente. Trabalhamos com vida e morte, estamos mais próximos dessa oposta realidade.

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Há quem diga que depois de anos de profissão, acostuma-se com a morte. Não acredito que isso se encaixe aos verdadeiros médicos. Ver alguém sofrer com dor, feridas, medo ou até morrer, não é algo natural. Se for, você deve ter alguma semelhança com esse evangelho e é dessa indiferença que vamos falar.

Começamos a conviver com pessoas, pacientes, mais ou menos na metade da faculdade e é nesse momento que devemos perceber e sentir se estamos na profissão certa. Vamos lidar com vidas. Não serão números de leitos, seguidores, likes ou lives.  Serão pessoas. A natural fragilidade de quem está doente faz com que aceite ser submisso e vulnerável, como Lázaro, mas o bom médico tem que vê-lo, senti-lo, tocá-lo, examiná-lo. Se distanciar por achar que com isso se tornará mais forte, importante ou famoso, não pode ser opção. Como médicos, temos a obrigação de enxergar as pessoas, além dos nossos olhos.

Uma nova ideia de medicina tem cada vez mais seduzido os jovens, com o sonho do suntuoso mercado das redes sociais podendo levar a um mundo longe dos Lázaros, mesmo que eles estejam ali, atrás da tela, seguindo os caminhos “direcionados” por esses distantes médicos ricos.

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No passado, a imagem da nossa profissão era de pessoas sóbrias, discretas, sérias, mas ao mesmo tempo sensíveis e dedicadas ao paciente. Graças a Deus, ainda existem muitos desses por aí. Mas uma grande parcela dos médicos tem seguido um novo tipo de caminho, impossibilitando-os de enxergam os Lázaros.

A medicina não se propõe a ser uma profissão sacerdotal, não fazemos votos de pobreza e não há nenhum pecado em enriquecer, mas não podemos ser indiferentes.

Se é fama e dinheiro que você busca, lembre-se que esse evangelho só cita o nome de Lázaro. O rico, não sabemos até hoje quem foi.

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