Nesta semana, a UnB comemorou trinta anos do Centro para o Desenvolvimento Sustentável (CDS). Quando concebido, em 1990, e quando criado, em 1995, mesmo ano da COP1, em Berlim, o CDS apresentava duas ousadias: do ponto de vista da estrutura universitária, adotava o estudo multidisciplinar, fora dos departamentos especializados por categoria do conhecimento; e do ponto de vista da concepção de progresso, adotava a crítica ao desenvolvimento baseado no crescimento econômico. Passados trinta anos, a própria ideia de desenvolvimento sustentável está em crise. Os conceitos de “desenvolvimento” e de “sustentabilidade” deixaram de indicar rumo desejável para o progresso. Apesar do sucesso de centenas de egressos de cursos de pós-graduação no Brasil e no exterior, surgiu a ideia de o CDS se transformar em um Centro para a Evolução Harmônica da humanidade — entre os seres humanos, e deles com a natureza e seus povos.
A COP30 mostrou a dificuldade em cuidar do planeta quando as decisões dependem de países independentes, e também a impossibilidade de superar a ânsia consumista dos eleitores. Tudo indica o agravamento das mudanças climáticas e suas catástrofes associadas. Por isso, durante as celebrações do CDS alertou-se para o fato de que o desenvolvimento sustentável pode ser obtido imoralmente pela exclusão de parte da humanidade — um crescimento sustentável, mas restrito a poucos. Essa parece ser a proposta oferecida pelas forças conservadoras: sendo para poucos, o crescimento econômico ficaria sem limites. Bastaria impedir o ingresso no mundo desenvolvido dos imigrantes — geográficos, de outros países; geracionais; ou sociais, saídos da pobreza.
“A ideia de desenvolvimento sustentável, criada nos anos 1990, está em crise”
A mentalidade atual que considera o mundo como a soma dos países e que adota o conceito de desenvolvimento centrado no aumento do PIB levou a humanidade a uma encruzilhada: rumo à catástrofe ecológica ou rumo à catástrofe moral do acirramento da desigualdade social, a ponto de apartar definitivamente os seres humanos entre beneficiados e excluídos do progresso. A ideia de evolução harmônica afastaria o duplo pessimismo atual: seja a catástrofe moral da aceitação da desigualdade, seja a hecatombe ecológica das mudanças climáticas. Mas a alternativa considerada no CDS para uma reorientação buscando evolução harmônica para a humanidade exige mudança de mentalidade por meio da educação para formar novas gerações que vejam seus países como pedaços do mundo e que substituam o desejo de crescimento sustentável pelo objetivo de ampliar o bem-estar de todos.
A utopia estaria na construção de uma sociedade com um “piso social”, assegurando que todos tenham acesso aos bens e serviços essenciais, e com um “teto ecológico”, acima do qual ninguém teria o direito de consumir, devido aos riscos para a natureza. Entre o piso e o teto, uma “escada de ascensão social” — garantida pela oferta de serviços educacionais e de saúde com qualidade e equidade para todos. Seria atalho para um nível decente de desigualdade decorrente do talento e do esforço usados com liberdade comprometida com harmonia, sem exclusão social e em equilíbrio ecológico.
Publicado em VEJA de 12 de dezembro de 2025, edição nº 2974
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