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Cristovam Buarque

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A COP da educação

O caminho para o zelo ambiental precisa vir das escolas

Por Cristovam Buarque Atualizado em 4 abr 2025, 13h04 - Publicado em 4 abr 2025, 06h00

As sucessivas reuniões e acordos internacionais ambientais desde 1972 foram insuficientes para reorientar a humanidade na direção do desenvolvimento sustentável. O futuro da Terra pede uma mudança de mentalidade aos cidadãos. Os cientistas alertam que, apesar de termos atravessado 29 cúpulas, hoje chamadas de COP, Conferência das Partes, é possível estarmos próximo ao ponto de não retorno nas mudanças climáticas, na devastação da biodiversidade e na elevação da temperatura do planeta, com consequências catastróficas. A COP30, em Belém do Pará, poderá ser mais um evento mundial de boas intenções.

Os gestos insanos de Donald Trump talvez façam o mundo perceber que a humanidade está em uma encruzilhada: continua a marcha para o desequilíbrio ecológico e a radical desigualdade social ou reorienta o progresso para um desenvolvimento sustentável e solidário. Há evidente divórcio entre o humanismo planetário, de permanente cunho democrático, e a pressão dos eleitores, atalho para interesses locais, nem sempre cuidados com o respeito ao ambiente. O eleitor vota querendo baixar o preço da gasolina no posto da esquina na próxima semana, não para manter o nível do mar daqui a duas décadas; vota preocupado com a segurança imediata da sua família, não com a sobrevivência da espécie humana no próximo século.

“Ainda que não gritem como Donald Trump, muitos governantes andam na contramão”

Antes, o mundo era a soma de países isolados, mas agora cada país é um pedaço do planeta interligado. Barack Obama assinou o Acordo de Paris, em 2015, lembrando que não há presidente global. Trump, no avesso, bateu a seu estilo: “Sou presidente dos Estados Unidos, o resto não me interessa”. Mas interessa, sim, e precisamos ter essa condição em mente. Ainda que não gritem como Trump, contudo, muitos governantes andam na contramão. Recomendam investimentos privados em combustíveis fósseis, determinam o aumento da produção de petróleo por empresas estatais, enquanto fazem discursos ecológicos. São “Trumps” dissimulados, com a mesma voracidade pelo consumo e desprezo pela ecologia.

O desumanismo explícito de Trump pode despertar para o fato de que a democracia nacional precisa estar subordinada a valores morais humanistas. Isto requer uma mudança de mentalidade: os eleitores abandonarem a voracidade consumista e abrirem mão da soberania plena de seus países, passando a tratar a natureza em seu território como patrimônio da humanidade. A transformação da cidadania, portanto, exige educação. A evolução sustentável e solidária em escala planetária não virá de leis e acordos assinados por presidentes nacionais, mas da mudança de mentalidade das novas gerações, a partir das escolas. Para ser efetiva, a COP30, diferentemente das 29 anteriores, deve pôr na sua pauta a educação de base das crianças do mundo. Tanto para garantir escolas com qualidade para todos, quanto para oferecer formação de mentes solidárias com a natureza e com os seres humanos de todos os países. A educação para a sustentabilidade e a solidariedade é condição para evitar a catástrofe. É o caminho de uma civilização que sobreviva e seja mais justa e mais bela. Uma sugestão: o embaixador André Corrêa do Lago e o presidente Lula podem ser os portadores para o mundo da ideia de a COP30 ser a porta de entrada para um novo tipo de compreensão, a educação como pilar do ambientalismo.

Publicado em VEJA de 4 de abril de 2025, edição nº 2938

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