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Use o medo a seu favor e se antecipe ao perigo, ensina expert em segurança

Nova edição de 'A Virtude do Medo', do especialista em mentes criminosas Gavin de Becker, chega às livrarias brasileiras. Leia trecho exclusivo

Por Gavin de Becker (tradução: Débora Landsberg)*
Atualizado em 2 out 2024, 10h40 - Publicado em 2 out 2024, 10h40

Todos sabemos que há várias razões para nos preocuparmos com a nossa segurança. A questão é: em que momento devemos nos preocupar? Quando se trata de prever a violência, eu garanto que você já tem dentro de si tudo de que precisa: a sabedoria natural da nossa espécie, que é a expertise que mais importa.

A violência está presente em todas as culturas porque é inerente aos seres humanos, mas se apresenta de formas diferentes em cada região do mundo.

Este livro examina as peças do quebra-cabeça da violência sobretudo na sociedade americana. Embora grande parcela do comportamento humano seja comum a todos, alguns aspectos são específicos de cada cultura. Por exemplo, os Estados Unidos são um país com mais armas do que adultos e onde tiroteios são a principal causa de morte entre meninos adolescentes.

Embora a realidade do Brasil seja um pouco diferente dessa, há muito o que aprender com a experiência americana. Alguns dos perigos que enfrentamos são universais. Nestas páginas, mostro como esses riscos realmente se apresentam (pode não ser como você imagina) e ofereço estratégias para que você se sinta mais seguro – pelo menos a respeito da sua própria capacidade de prever comportamentos violentos.

Você vai ser capaz de distinguir sinais de alerta reais dos infundados. Meu desejo é que, à medida que se tornar mais familiarizado com o risco, você também consiga se preocupar menos com ele.

A virtude do medo

virtude-medo-livro

Observação: antes de se tornar comum em outros países, a internet já era amplamente utilizada nos Estados Unidos. Alguns predadores usam esse meio para se comunicar com possíveis vítimas, mas de forma alguma é sua principal via de contato. Com a mesma frequência, o telefone fixo, o celular e as mensagens de texto são usados para marcar encontros indesejados.

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O importante não é o método de comunicação, mas o conteúdo da mensagem. E o seu objetivo deve ser nunca estar na presença de alguém que possa lhe fazer mal. Este livro explora as estratégias que predadores usam quando estão se comunicando com suas vítimas, e esses artifícios são os mesmos, não importando se são via internet, e-mail, mensagens de texto, redes sociais, telefone ou cara a cara.

(…)

A natureza gerou sistemas de defesa incríveis, da carapaça que protege a tartaruga à colmeia que reage a intrusos com uma coordenação obstinada, cada abelha disposta a tudo para proteger a rainha. Assim como os animais da natureza, você também tem um sistema de defesa incrível.

Você é o modelo mais moderno de ser humano, o resultado de séculos de pesquisas e avanços que fazem o computador mais fantástico parecer um ábaco. O investimento que a natureza fez em você foi grandioso demais para que o deixasse indefeso, e, embora nós, humanos, não tenhamos as garras mais afiadas nem a mandíbula mais forte, temos o cérebro maior.

Você tem mais neurônios do que o número de grãos de areia da sua praia preferida e também tem perspicácia, destreza e criatividade – uma combinação poderosa quando se está em perigo – quando escuta sua intuição.

No entanto, por mais evoluído que um sistema de defesa seja, as presas ainda são pegas de surpresa, e por mais sofisticados que sejam os recursos do predador, eles também falham com alguma frequência. O que fazer para levar a melhor nessas interações perigosas? O primeiro passo é ser o lado mais bem informado.

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Quando vistos como uma competição entre predador e presa, alguns ataques humanos têm muito em comum com os embates que vemos na natureza selvagem: a surpresa, o movimento repentino, a explosão de energia hostil, as tentativas de resistência, o desejo de fuga.

Se um animal capturado por um predador pudesse falar depois do ataque, provavelmente diria: “Tudo aconteceu muito rápido, não tive tempo de fazer nada.”

Mas com os seres humanos geralmente há tempo, bastante tempo, e muitos avisos. Ao descrever exatamente quais são os sinais de alerta, espero que eles reconectem você com as defesas incríveis que são parte da sua natureza.

* Gavin de Becker é especialista em segurança e gestão de risco, tendo sido consultor do governo americano e de diversos casos jurídicos. É autor de A Virtude do Medo, lançado pela editora Sextante

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