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Coluna da Lucilia

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação

O imposto do pecado

O ministro Paulo Guedes propõe sobretaxar doces e ultraprocessados. Se a tentação ficar mais cara, você deixará de pecar?

Por Lucília Diniz
6 fev 2020, 20h30 • Atualizado em 8 fev 2020, 09h56
  • Por ter sido criada numa família tradicional portuguesa, cresci em meio a um ambiente católico onde muito se falava em pecado. Como criança acima do peso que vivia em supermercados, sempre fui ligada em comida também. Culpa e comida foram temas recorrentes na minha infância, a ponto da história da maçã de Adão e Eva terem despertado minha curiosidade desde cedo: o custo daquela mordida teria ao menos valido a pena?

    No mundo atual, os doces ganharam força e representatividade entre os pecados. E o castigo é a gordura extra na cintura e todos os problemas associados a ela. Um preço que, infelizmente, muitas pessoas não se importam em pagar no corpo. Embora agora, a ideia seja cobrar esse ônus em dinheiro mesmo.

    A proposta foi apresentada em janeiro pelo ministro Paulo Guedes em Davos. Sob a alcunha de “imposto do pecado”, a ideia de sobretaxar bebidas alcoólicas, adoçadas e alimentos ultraprocessados não pegou bem no governo. O presidente Jair Bolsonaro teria dito: “Pô Paulo Guedes, a alegria do povo brasileiro é tão pouca…”. E como ninguém aceita pagar mais impostos, não foi à toa que essa ideia recebeu críticas apressadas.

    Por outro lado, essa proposta trouxe a oportunidade de discutirmos os impactos econômicos do consumo desses alimentos no sistema de saúde. Há várias experiências no planeta que correlacionam o aumento de impostos à redução da demanda de produtos que geram impactos sociais negativos. Se ficam mais caros, cai o consumo. E não se trata de tributar ainda mais os alimentos de primeira necessidade, mas itens supérfluos que reconhecidamente fazem mal às pessoas. A tônica da proposta, na minha percepção, nunca foi expulsar ninguém do Paraíso, e sim, promover um consumo mais consciente.

    No plano individual, desde o início do meu processo de emagrecimento eu já havia percebido que algumas concessões “pecaminosas” precisavam ser feitas em nome de um compromisso com uma nova dieta assumido para a vida toda. A existência não tem graça sem uma leve transgressão ou outra à mesa! As reeducações alimentares mais bem-sucedidas pregam que uma escapada de vez em quando, não apenas é normal, como é bem-vinda. Eu, por exemplo, sempre recomendei até cinco “derrapadas” por semana na dieta: um copo de vinho, um brigadeiro fora de hora, uma empadinha, ou qualquer outra coisa que pudesse provocar a fúria de Hígia no Olimpo, deusa grega da prevenção de doenças, da limpeza e da sanidade.

    O conceito do pecado sempre foi complexo demais, assim como as reações exasperadas a ele, contra e a favor. Hoje entendo que, para pecar, é preciso que o prazer valha muito a pena (daí minha dúvida eterna sobre o sabor da maçã de Adão e Eva). Lembrando que estamos próximos ao Carnaval, outra festa tida por muitos como “pecaminosa”. Tempo bom para pensar que, quando um assunto mexe com a saúde, todo enredo condenatório poderia ser melhor ensaiado.

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