Tema recorrente na história da humanidade, a busca pela fonte da juventude vem sendo abordada de diversas maneiras ao longo dos séculos. Desde a Antiguidade, muitas culturas procuraram fontes de água e outras substâncias supostamente capazes de prolongar a vida ou restaurar a saúde. Na Grécia Antiga, por exemplo, a fonte da juventude era um rio cuja nascente ficava no Monte Olimpo, onde moravam os deuses. Na Idade Média, a busca por um elixir milagroso neste sentido tornou-se tema popular entre os alquimistas. Com o renascimento e as grandes navegações, expedições foram financiadas por reis e rainhas para encontrá-la, como a que levou Ponce de Leon a subir de Porto Rico à costa norte da Flórida. Até finalmente desembocarmos no século XX, quando a busca pela juventude eterna evoluiu para considerar tecnologias médicas e cosméticas capazes de ajudar as pessoas a parecerem, ou se sentirem, mais jovens.
Mas o ápice da esperança no que diz respeito a reversão dos efeitos do tempo sobre o corpo eu pude verificar recentemente, com a notícia de que um magnata da tecnologia americano – um certo Bryan Johnson, de 45 anos – resolveu ser cobaia num experimento bancado por ele mesmo que tem por objetivo fazê-lo voltar aos 18 anos. Ou pelo menos, permitir que seu cérebro, seu fígado, seus rins, seus dentes, sua pele, seu coração e até seu órgão sexual se comportem como sendo de um jovem na flor da idade.
Para tanto, ele investe cerca de US$ 2 milhões por ano nesse projeto pessoal, mantendo uma equipe de 30 médicos ao seu lado, além de uma dieta com 1.977 calorias por dia – aliada a uma rotina intensa de exercícios. Johnson recebe também dezenas de suplementos – e ainda um polêmico tratamento à base de lítio. Sem falar na qualidade do seu sono que e permanentemente monitorada (duas horas antes de dormir, ele usa óculos especiais que bloqueiam a luz azul). Apesar de todos esses esforços, atualmente não existe nada que possa garantir, com 100% de certeza, a longevidade, independentemente de quanto alguém possa investir nesse sonho.
Há, no entanto, alguns campos de pesquisa bastante promissores. Especialmente nas áreas da gerontologia molecular – disciplina que estuda os mecanismos subjacentes ao envelhecimento celular -, da terapia gênica – que investiga maneiras de corrigir ou reparar genes danificados -, e de suplementação na dieta. A vitamina D, a vitamina E, o ácido fólico, o resveratrol (encontrado em uvas e vinho tinto), a coenzima Q10 e o ômega-3 (encontrado em peixes gordurosos) são exemplos de suplementos que têm sido muito associados a uma melhora da saúde e a uma vida mais longa em algumas pesquisas.
A maior parte dessas descobertas, porém, está em estágios iniciais de pesquisa, não havendo quaisquer garantias quanto aos resultados. Mas há, sim, boas apostas no que diz respeito ao prolongamento da vida, e até bem acessíveis. Apostas que lembram a velha cartilha de sempre: adotar uma dieta equilibrada e saudável, rica em verduras, grãos integrais e proteínas magras; exercitar-se regularmente para manter a saúde cardiovascular em dia, prevenindo a obesidade e preservando a saúde mental; dormir bem; controlar o estresse; não fumar; beber com moderação; e manter uma rede social ativa.
Faça isso, e você não precisará se mirar na aventura incerta do magnata americano. Este sim é o melhor caminho para aumentar suas chances de ter não apenas uma vida mais longa, mas também mais saudável.