Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Coluna da Lucilia

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

A viagem ideal

Para melhor aproveitar a experiência, convém não superestimá-la

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h36 - Publicado em 5 ago 2022, 06h00

Neste momento em que, depois de tanto tempo de distanciamento social, as pessoas parecem superestimar a experiência de viajar, talvez seja oportuno relativizar as regalias proporcionadas pelas viagens. Não me entenda mal, eu adoro viajar. Sempre que posso ponho o pé na estrada e vivo dizendo aos meus amigos que é melhor sair de casa, nem que seja para tropeçar. Só é preciso ter cuidado para não atribuir às viagens algo que elas não podem oferecer — a felicidade, por exemplo. Rodar o mundo pode ser uma aventura gratificante — na medida em que permite o acúmulo de conhecimentos em primeira mão —, mas não faz com que o viajante se sinta mais feliz, a não ser por um momento fugaz.

Não é difícil entender a supervalorização das viagens nos dias de hoje. Se muitas vezes a fonte de infelicidade é o estresse de um cotidiano entediante ou atribulado, a receita mais fácil para inverter a equação é quebrar a rotina, lançando-se além das fronteiras do bairro e da cidade em que se habita. O embarque, porém, não estabelece uma divisória entre dois estados de espírito. A pessoa que se ressente de um dia a dia desmotivante é a mesma que sobe no avião, desfaz as malas no hotel e se põe a caminhar por ruas desconhecidas. A eventual virada de chave que muitos registram não tem a ver com geografia — é uma questão pessoal. Não é mágica, é autoconhecimento.

“Curiosidade é fundamental, assim como manter a mente receptiva ao que é diferente”

Na minha experiência, as boas viagens superam com folga aquelas marcadas por algum dissabor. Mas devemos levar em conta que há alguma distância entre a viagem que idealizamos e a que fazemos. É uma distância que pode ser tão grande quanto aquela entre o ponto de partida e o destino final. Projetamos a próxima com a alta expectativa gerada pelo relato em rede social ou pelo folheto da agência de turismo, em que tudo é perfeito, até o tempo no local a ser visitado, incluindo a suave brisa que agita as folhas de uma palmeira, como prova a imagem colorida. Na vida real, no entanto, para além da narrativa exacerbada de amigos virtuais e da paisagem retocada do folheto de turismo, viagens são como tudo o mais na vida — têm aspectos positivos e negativos, que a memória se encarrega de reter ou descartar.

Continua após a publicidade

A viagem em si não é suficiente para dar respostas à monotonia, mas pode ajudar a sacudi-la. Tudo depende de como a encaramos, das esperanças que nela depositamos. A viagem ideal não depende do destino, mas da disposição mental de quem a empreende. Curiosidade é fundamental, assim como manter a mente receptiva ao que é diferente — o que vale para tudo, dos costumes à gastronomia local. É preciso abordar os lugares que não conhecemos com a humildade de quem quer aprender. Não se permita atulhar a mala com ideias rígidas sobre o que é interessante. É aconselhável deixar algum espaço para o acaso. Erico Verissimo dizia: “Existem duas categorias de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar”. Mais do que concordar com o escritor, eu me arrisco a completar seu pensamento ao dizer que, enquanto os primeiros são candidatos à decepção, os segundos estão inclinados a colher boa dose de satisfação por saberem extrair muito do relativamente pouco que uma viagem pode prover.

Nota: Meu sobrinho João Paulo nos deixou nesta semana. Seu espírito determinado sempre engrandeceu o esporte, a saúde e o bem viver. Encerrou sua viagem na terra tendo completado com louvor mais esta travessia. Este artigo eu dedico a ele.

Publicado em VEJA de 10 de agosto de 2022, edição nº 2801

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.