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Claudio Lottenberg

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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein

Saberes que se adaptam aos tempos

Pandemia levou a um aumento na demanda por especializações e MBAs em saúde e inovação

Por Claudio Lottenberg
21 nov 2022, 09h37

Em 1882, a cidade de Nova York recebeu a primeira central elétrica de operação comercial do mundo – na região da Baixa Manhattan, para atender cerca de 60 clientes. No mesmo ano era criado, um pouco mais ao norte, na cidade de Boston, o currículo de formação de engenheiros eletricistas – o primeiro dos EUA – pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), uma das escolas mais renomadas do mundo. A central elétrica foi possivelmente o sinal de que estava a caminho uma transformação, num mundo que conhecia apenas a máquina a vapor e a iluminação a gás, ou de velas e lamparinas.

Houve outros sinais, no entanto: o primeiro cabo submarino de telégrafo data de 1866; Alexander Graham Bell recebeu a patente do telefone dez anos depois; e em 1879 Thomas Edison desenvolve a lâmpada elétrica (invenção que ainda sobrevive, embora esteja saindo de cena). Era claro que novos tipos de profissões e especialidades seriam necessárias. Pessoas teriam de estudar e aprender como lidar com um mundo movido por uma forma de energia que se conhecia desde a Antiguidade, mas que só há pouco havia sido domada.

Claro que a engenharia elétrica não foi criada num vácuo: ela se assenta em conhecimentos científicos e matemáticos bastante consolidados e usa esse ferramental prévio para lidar com o novo. Assim, vai desenvolvendo novas ferramentas teóricas e práticas para lidar com os desafios que as novas aplicações da eletricidade criariam. Num contexto diferente, pode-se dizer que a pandemia de covid-19 criou uma situação algo semelhante.

Afinal, conhecimentos farmacológicos, da biologia, da fisiologia humana, de múltiplas especialidades da medicina já estavam postos. Mas foi preciso ir em busca de novos conhecimento para lidar com uma doença até então inexistente. Isso levou a um aumento na busca por cursos de especialização, MBAs, novos programas de pesquisa.

Ficou claro, ao longo dos últimos dois anos, que não é só a transformação digital que vai dando origem a necessidades novas, de pessoas preparadas para lidar com situações inéditas. Pandemias também podem fazer isso. A diferença é que, no primeiro caso, o processo segue um ritmo mais suave. No último, é como o impacto de uma colisão entre automóveis – inclusive com óbitos (infelizmente, no caso da covid, contados aos milhões).

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A gestão hospitalar, as habilidades dos médicos e de outros profissionais de saúde com o universo da tecnologia, o funcionamento de redes de telecomunicação – tudo isso e muito mais atrai o interesse de muitos que querem se preparar para a realidade que está a caminho. Ela envolve não só a saúde digital como o novo normal, como a possibilidade de novas pandemias, resultantes de fatores que vão desde as aglomerações urbanas (e neste mês chegamos a 8 bilhões de habitantes no planeta) até a degradação ambiental (e o contato do ser humano com agentes patogênicos desconhecidos).

No Brasil tem-se percebido uma procura maior por cursos e especializações de gestão em saúde – para inovar na solução de problemas como falta de leitos e insumos, agilidade no atendimento de pacientes, entre tantos outros. Instituições públicas – como USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) – e privadas – como o Hospital Israelita Albert Einstein – tem avançado na oferta dessas especializações.

As transformações tecnológicas, e emergências sanitárias como a pandemia em curso no mundo hoje, induzem (em alguns casos, forçam) mudanças que tornam profissões obsoletas ou extintas; outras têm que se adaptar a um mundo reconfigurado. Na saúde assistimos a essa transformação acelerada em tempo real, com as adaptações sendo feitas ao longo do caminho. E embora o contexto seja inegavelmente negativo, esse processo é, na contramão, muito positivo. Desse esforço todo feito pela humanidade resultam conhecimentos que, se não impedem catástrofes de acontecerem, ao menos nos ensinam a reagir com mais prontidão. Talvez não sejamos mais apanhados tão desprevenidos – algumas lições ficam. Como teria dito o dramaturgo e Prêmio Nobel inglês John Galsworthy: “Se você não pensa no futuro, você não conseguirá ter um”.

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