Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Claudio Lottenberg

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein

O SUS é um sistema de saúde do Estado brasileiro

Às vésperas de mais um ciclo eleitoral, é preciso avaliar propostas para a saúde pública – que é gerida por governos, mas faz parte do patrimônio do Estado

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 13 set 2022, 16h51 - Publicado em 12 set 2022, 15h23

Ficou bastante conhecido ao longo da pandemia de covid-19 o fato de que o SUS (Sistema Único de Saúde) é o maior sistema público de saúde do mundo. Inspirado no NHS (Sistema Nacional de Saúde, na sigla em inglês), do Reino Unido, se tornou um instrumento de acesso da população a atendimentos, tratamentos e serviços de saúde em geral. E tal marco civilizacional ficou elencado entre os direitos inegociáveis de todo cidadão brasileiro na Carta Magna, a Constituição de 1988.

Os 30 meses recém-completados em que vivemos e convivemos com (e sobrevivemos ao) Sars-Cov-2 colocaram à prova esse sistema. Todo serviço de saúde no mundo, na verdade, foi testado. E esse teste deixou claras muitas insuficiências, tanto daqui como de fora. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de óbitos relacionados à covid-19 passou de um milhão. O país se debate com a criação de sistemas de saúde que sejam acessíveis há tempos, e o ACA (Plano de Saúde Acessível, em tradução livre da sigla em inglês), mais conhecido como Obamacare (instituído durante o governo do presidente Barack Obama) ainda enfrenta fortes resistências. A Europa também foi duramente atingida, e além dos desgastes causados pela pandemia, tem de lidar com outras questões que também comprometem orçamentos oficiais, como a crise energética em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia.

No Brasil, as eleições presidenciais estão próximas e é tempo de se olhar com mais cuidado para propostas e medidas para diversas áreas – a saúde, claro, entre elas. O que se precisa ter em mente – talvez o mais importante – é que o serviço público de saúde é um equipamento de Estado. Quando o dirigente eleito assume seu cargo, há certas estruturas que estão postas, cabendo a ele geri-las para que atendam a população brasileira. O Estado brasileiro é que oferece essas estruturas, não um ou outro governo – a estes compete administrar essa máquina pública.

Ficou claro, por exemplo, que precisamos ter condições de produzir tanto os insumos indispensáveis para a fabricação de vacinas como as próprias vacinas. Uma resposta imediata a eventuais novas crises sanitárias pode fazer toda a diferença e preservar milhares de vidas. Precisamos de medidas estruturantes, que deem conta do aumento de demanda, com o aumento da população. Quando da promulgação do texto constitucional que instituiu o direito ao atendimento à saúde, o Brasil tinha pouco mais de 143 milhões de habitantes. Hoje, os brasileiros somos cerca de 215 milhões, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Também é preciso que haja propostas consistentes, factíveis e implementáveis em um espaço relativamente curto de tempo para a telessaúde. A telemedicina (parte do conceito de saúde digital) passou de uma inovação incipiente a um modo consolidado de se prestar atendimento e realizar consultas nesses dois anos, com grande aprovação por parte de quem usa. A recém-chegada velocidade 5G da internet móvel, inovações na IA (Inteligência Artificial) e no machine learning (aprendizado de máquina), entre tantos avanços potenciais à frente, poderão levar saúde a brasileiros que vivem em rincões distantes, assegurando a equidade. A tecnologia também ajudará a reduzir custos do sistema, o que será certamente um grande apoio à sustentabilidade do sistema. E é preciso que o serviço público de saúde ofereça atendimento de qualidade a todos. O direito está garantido na lei, a tecnologia poderá estender esse direito a cada vez mais pessoas – mas é preciso que a jornada do paciente seja resolutiva, que entraves burocráticos e ineficiências sejam eliminadas.

O Estado brasileiro recebeu a missão, na forma de um direito garantido na Constituição, de prover serviços de saúde a todos os brasileiros. Os chefes do Executivo, que se sucedem democraticamente a cada ciclo eleitoral, trazem programas e equipes para gerir o aparelho de Estado. Este, no entanto, permanece: o serviço público de saúde continuará a ser um direito de todo brasileiro, nos quantos governos o país vier a ter. Cabe pensar o SUS de modo a estruturá-lo e capacitá-lo para que, além de maior, possa vir a ser o melhor do mundo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.