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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Digitalizar a saúde é o caminho – e o Canadá é um exemplo a ser seguido

Agência de fomento à digitalização do país foi criada no ano 2000

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 26 jul 2022, 19h11 - Publicado em 26 jul 2022, 19h09

A cada dia que passa fica mais difícil tentar falar sobre trabalho, negócios, segurança, educação e, claro, saúde, sem considerar o fato de que o digital já é parte indissociável de tudo isso. A pandemia apenas trouxe para mais perto o que já estava a caminho, talvez apenas alguns anos à frente no futuro. E justamente por conta da pandemia, a digitalização da saúde concentrou as atenções. Essa incursão pelo digital, claro, não começou hoje e em cada país se vê um grau diferente de avanço.

O Canadá é um caso que servirá de exemplo tanto na rapidez com que digitalizou seu serviço de saúde como na melhoria do serviço prestado à população. O governo canadense criou, no ano 2000, a Canada Health Infoway, uma agência sem fins lucrativos, financiada com recursos federais, com foco em acelerar a criação de ferramentas para tornar a gestão do sistema e o atendimento mais eficientes e para implementar um registro eletrônico de saúde. Um prontuário digital, que seria acessível dentro de todo o sistema de saúde. Isso há mais de 20 anos, quando mesmo a internet ainda estava em seus princípios.

Esse prontuário (o Registro Eletrônico de Saúde) é uma peça central do chamado eHealth – termo que engloba toda digitalização de serviços, processos e atendimentos no sistema de saúde: gestão de pacientes; sistemas de informação laboratorial; telemedicina; sistemas remotos de monitoramento (para diabetes, asma e diálise domiciliar, por exemplo); atenção primária; entre diversas outras aplicações.

Um relatório recente da agência divulgou alguns dados, referentes ao período 2021/2022. Ali se vê que 33% das visitas entre janeiro de 2021 e março deste ano foram virtuais. No ano passado, nada menos que 93% dos médicos de atenção primária usavam os registros digitais dos pacientes. Mais de 70% desses médicos disseram acreditar que o atendimento virtual melhora o acesso e o cuidado com o paciente – e 90% dos pacientes atendidos disseram estar satisfeitos com a experiência do atendimento virtual.

A experiência do paciente melhorou de forma quantificável, e os números são significativos: em 2021, o atendimento virtual poupou a quem precisou de cuidado médico 89 milhões de horas em viagens até hospitais e consultórios; 5,9 bilhões de dólares canadenses (pouco mais de R$ 24 bilhões) em despesas com deslocamento (além de ter reduzidos em 330 milhões de toneladas a emissão de CO2).

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Para situar o leitor, o Canadá tem um sistema público de saúde que oferece cobertura universal para serviços médicos e hospitalares. O financiamento do sistema responde por 70% dos gastos com saúde no país. Províncias e territórios no país recebem recursos do governo federal e, embora sejam responsáveis por prestar e gerir os serviços localmente, seguem políticas e padrões estabelecidos pela autoridade central.

Brasil e Canadá são países de perfis econômicos, sociais e culturais muito distintos. A começar da imensa diferença populacional: são cerca de 213 milhões de brasileiros, ante cerca de 38 milhões de canadenses. Por aqui, a regulamentação para a saúde digital ainda tramita no Congresso, e as experiências digitais ainda não foram muito além da telemedicina. No setor privado, as startups encontram no Brasil um terreno promissor – eram pouco mais de 500 em 2020, e no ano passado passaram de mil. A chegada recente do 5G permitirá levar a conectividade mais rápida a diversas localidades, que assim poderá ter acesso serviços de saúde (alguns, talvez, pela primeira vez). Também já existe em curso um programa piloto do governo que leva teleatendimento a mais de 300 cidades (feito, nesse primeiro momento, dentro da própria UBS, e não por aplicativos).

A telessaúde vai ampliar o alcance dos atendimentos médicos, na medida em que as tecnologias de informação e a infraestrutura que permite que funcionem forem incorporadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Já não é mais exclusivo da ficção científica o cenário em que as visitas presenciais ao médicos serão feitas apenas em ocasiões muito específicas, com todo o mais sendo realizado por meio digital. Chegará o momento mesmo em que a falta de infraestrutura de comunicação e de conexão com a internet inviabilizará mesmo a prestação de serviços. O Canadá está bastante adiantado na implementação dessa realidade digital para a saúde. Para o Brasil, ainda que já esteja em curso, essa transição deve levar mais tempo. Mas precisa acontecer.

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