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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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A importância da terceira dose

Vacinação é um passo necessário em nosso longo caminho rumo ao fim da pandemia

Por Claudio Lottenberg
15 fev 2022, 19h02

O Brasil voltou a bater a marca dos mil óbitos diários por Covid-19. A chegada ao país da variante ômicron, com dados que indicam maior capacidade transmissiva, coincidiu com as festas de fim de ano e o crescente relaxamento de medidas de prevenção, como o uso de máscara. Os resultados dessa combinação estão à vista de todos: a atual média móvel de mortes de 885, sendo a maior registrada desde agosto de 2021 – sem contar a explosão no número absoluto de casos.

Mesmo nesse cenário, o Ministério da Saúde calcula que 54,9 milhões de pessoas ainda não receberam a dose de reforço da vacina contra a Covid-19. A população brasileira, como se sabe, aderiu em peso ao início da campanha, atingindo índices de mais de 70% de imunização com duas doses. Porém, com relação à dose de reforço, já disponível para qualquer cidadão maior de idade, “empacamos” nos 30% de cobertura vacinal. O que explica esse número tão baixo?

Uma das razões é a percepção de que a ômicron não provoca quadros graves da doença e que, portanto, contrair Covid-19 hoje poderia ser o mesmo que pegar uma gripe. Essa noção é equivocada por, pelo menos, dois motivos. Em primeiro lugar, embora os casos moderados e graves sejam de fato mais raros, a alta transmissibilidade da ômicron leva a um número absoluto de casos muito mais elevado – o suficiente para afogar, como já vem ocorrendo, o sistema de saúde.

Mas há um erro ainda mais sério. Essa ideia de que a nova variante não é motivo para preocupação ignora a chamada “covid longa”, que pode se desenvolver mesmo após casos leves da doença.

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Convencionou-se chamar de covid longa um conjunto de sequelas que acometem pacientes pelo menos quatro semanas após a infecção. As queixas podem perdurar por até 12 semanas. Há casos mais raros de pacientes que relatam problemas até um ano após se recuperarem da Covid-19.

Os sintomas incluem cansaço extremo, falta de ar, alterações no olfato e paladar, palpitações no coração, problemas de memória e concentração – o chamado “fog” (névoa) mental – e dores nas articulações. Mas a lista pode ser muito maior. Um estudo da University College London (UCL) identificou 200 possíveis sintomas de covid longa, incluindo insônia, mudanças na audição e visão, perda de memória de curto prazo, dificuldades de fala e linguagem, problemas gastrointestinais e de bexiga, alterações no ciclo menstrual, dentre outros.

Esse é um conhecimento em construção, mas a correlação entre a Covid-19 e a persistência de debilidades no longo prazo parece certa, como atestam pesquisadores e profissionais de saúde do mundo todo. Estima-se que 10% dos pacientes recuperados desenvolvem alguma forma de covid longa. Dada a explosão de casos em nosso país, isso significa que milhões e milhões de brasileiros devem conviver nos próximos meses com sequelas da Covid-19, contribuindo para estressar ainda mais nosso sistema de saúde, por exemplo.

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Esse é mais um motivo para que todos completem o esquema vacinal. A dose de reforço reduz drasticamente o risco de infecção e o potencial de transmitir o coronavírus, contribuindo para frear a escalada de casos no Brasil. Além disso, estudos recentes vêm confirmando a importância da imunização para reduzir a gravidade da doença.

Pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) concluiu que a vacina reduz o risco de quadros graves de Covid-19 mesmo em pacientes com comorbidades. Pessoas com diabetes, problemas no coração ou fígado e com comprometimento imunológico, depois de vacinadas, apresentaram chances de internação e morte semelhantes à de um paciente sem comorbidades. Apenas pacientes com mais de 60 anos e com alguma doença renal permaneceram no grupo de risco – isto é, embora a vacina também proteja essas pessoas, ela não conseguiu reduzir os índices de internações e mortes ao mesmo nível daqueles que não têm essa combinação de fatores de risco. Nos demais casos, a vacina “anulou”, ou “zerou”, por assim dizer, a influência das comorbidades.

Constatações como essa tornam ainda mais urgente um grande esforço nacional para aumentar o número de brasileiros com esquema vacinal completo. As autoridades de saúde precisam garantir que aqueles quase 55 milhões de brasileiros recebam a terceira dose do imunizante, contribuindo para frear a escalada assustadora de casos dos últimos meses. É um passo necessário em nosso longo caminho rumo ao fim da pandemia.

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