Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Claudio Moura Castro

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Conteúdo para assinantes
Continua após publicidade

É preciso combater o atraso

Infelizmente, o Brasil velho sobrevive nas franjas da sociedade

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h27 - Publicado em 20 mar 2020, 06h00

Para saber quão rico é um país, basta somar o que cada um de seus habitantes ganha (ou produz). Chegamos ao PIB. Sucesso, pois somos a nona economia do mundo. Mas, para conhecer a qualidade de vida do povo, agora é hora de dividir o PIB pelo tanto de gente que há no país. Insucesso, pois estamos em 74º lugar no PIB per capita. Infelizmente, essa segunda medida é muitíssimo mais relevante.

E o que determina o PIB per capita? Simplificando, heroicamente, depende do que se investe e da produtividade dos que trabalham. Vamos nos concentrar na produtividade. Ela é definida como o valor que a força de trabalho gera por hora (ou dia, ou ano). Outra notícia ruim: nossa produtividade é baixa e está estagnada há mais de um decênio — enquanto sobe a de nossos concorrentes. Somos vítimas do maldito “custo Brasil”, resultado de gargalos de infraestrutura e de um governo intrometido e punitivo. Para ilustrar: foi chamado à sede de uma multinacional americana o diretor de sua filial brasileira. Por que, no Brasil, havia 25 funcionários para pagar impostos, enquanto lá eram apenas cinco?

A improdutividade começa dentro das empresas. Admitamos, muitas companhias de primeira linha estão altamente preocupadas com a produtividade. Isso nos mostram as pesquisas de Marisa Eboli (da USP) sobre universidades corporativas. Contudo, nas médias e pequenas, o quadro pode ser desolador.

De fato, em nossa sociedade convivem cabeças que pertencem a épocas diferentes. Os “meninos” das startups estariam perfeitamente ajustados ao ritmo do Vale do Silício californiano. Há quem viva, contudo, no século XIX. A base da pirâmide é o Brasil velho, com seus valores e comportamentos incongruentes com uma sociedade moderna e industrializada.

A improdutividade começa nas empresas. As de primeira linha estão atentas. As pequenas e médias, não

Continua após a publicidade

Tomemos a construção civil, na qual há de tudo. Nas empresas de ponta, os prédios são construídos em uma semana, com as mais avançadas tecnologias. Já na obra da esquina, os valores e atitudes são de sociedades primitivas. Cumprir compromissos e horários? O trabalho é odioso e só há empenho quando o encarregado está olhando? A qualidade é a mínima que dá para ser aceita? O conhecimento é precário, mal e mal, aprendido com quem também não sabe direito? E, o pior de tudo, não há vontade de aprender. A ninguém, portanto, ocorre aumentar a produtividade — que é escandalosamente baixa.

Ouvi um operário dizer ao amigo que não usa a espátula grande, muitas vezes mais produtiva que a dele, porque é mais pesada. Outro afirmou, sem pejo, que jamais havia afiado seu formão. Quando lhe explicava como era o processo, desinteressou-se.

Esse Brasil velho encolhe, por isso conseguimos avançar. Mas sobrevive nas franjas da nossa sociedade. Sim, a improdutividade tem raízes no passado. Extirpá-las é modernizar esse testamento antigo. O desafio vai muito além de conhecimentos técnicos ou know-how. É preciso combater os cacoetes do atraso. Nosso peão de obra tem de ter cabeça de operário da Embraer. É possível? Sim, pois essa transformação ocorreu em segmentos do Brasil. Mas, espontaneamente, o processo é muito lento. Como empresas modernas e escolas são as melhores agências de modernização, cumpre dar-lhes um papel crítico.

Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.